30 May 2007

(2002) Unfaithful


Em determinados momentos cruciais, a vida de uma pessoa pode tomar rumos completamente distintos em virtude de se responder "sim" ou "não" a uma simples questão que lhe é colocada. "Unfaithful" é uma estória centrada em Edward e Connie Sumner, um casal que vive nos subúrbios de New York com o seu jovem filho. Embora Edward seja um marido carinhoso e um pai dedicado, Connie sente que falta algo na sua vida e, perante um encontro casual num dia de tempestade com Paul Martel, um estranho jovem e atraente, vê-se numa situação como a que referi inicialmente e responde "sim".

Lentamente, Connie torna-se obcecada por Paul e envolve-se numa relação adúltera. O egoísmo revelado por Connie leva a que o seu casamento com Edward se comece a degradar lentamente até que é atingido um ponto crucial que muda para sempre a vida familiar e amorosa deste pacato casal.

Adrian Lyne é um realizador com uma carreira algo caricata, dado que apenas realizou 8 longas-metragens ao longo de uma carreira de 30 anos. A natureza das relações abordadas por Lyne torna-se clara ao mencionarmos alguns dos filmes que realizou, como "Flashdance", "Nine 1/2 Weeks", "Fatal Attraction", "Indecent Proposal" e "Lolita". Penso que, juntamente com "Fatal Attraction", "Unfaithful" será o ponto alto da sua carreira, tendo este o mérito de ter conseguido enriquecer uma simples estória de infidelidade com uma soberba complexidade emocional.

As três principais personagens do filme são muito bem interpretadas por Diane Lane (Connie Sumner), Richard Gere (Edward Sumner) e Olivier Martinez (Paul Martel), com este último a ter aqui o seu primeiro desempenho de maior notoriedade em Hollywood. Richard Gere oferece-nos uma caracterização quase perfeita de um marido dedicado que se vê confrontado com a infidelidade da sua mulher ao fim de 11 anos de casamento, mas a grande estrela deste filme é Diane Lane. Um desempenho fantástico que foi justamente premiado com uma nomeação para o Oscar de Melhor Actriz Principal e que constitui o ponto alto da carreira desta atraente e talentosa actriz.

(NOTA: Diane Lane viu este prémio ser injustamente atribuído a Nicole Kidman, dado que esta última teria que ser compensada pelo roubo de que havia sido alvo na cerimónia do ano anterior, aquando da sua nomeação pelo magnífico papel que desempenhou em "Moulin Rouge!".)

Após ter tido a oportunidade de rever este filme na sua versão em DVD, pude assistir ao final alternativo que foi filmado. Penso que, embora confirmasse a integridade da personagem interpretada por Gere, negaria por completo o efeito dos acontecimentos enfrentados pelo casal e a influência decisiva que estes demonstraram ter na aproximação do casal. Compreendo por completo a decisão de Lyne em ter optado pelo final apresentado.

O poder da mensagem transmitida por este filme reside na chamada de atenção para as decisões que tomamos todos os dias de uma forma despreocupada e quase leviana. Um pequeno gesto num momento crucial pode mudar por completo o rumo do resto das nossas vidas e este facto deve sempre estar presente nas nossas mentes.

Pontuação global: 7,1

18 May 2007

Bruce Campbell


Será muito difícil, talvez até impossível, achar um consenso verdadeiramente geral sobre se um dado actor merece ou não um certo prémio pela sua capacidade de representação. Por isso, nem vou abordar esse assunto. Só vos quero dizer que, caso eu me venha a encontrar numa cabana no meio dum bosque, acossado por monstros demoníacos, só há um actor em quem confiaria para me livrar de tal situação: Bruce Campbell

Nascido a 22 de Junho de 1958 (o que lhe dá uns respeitáveis 48 anos de idade), este homem é um verdadeiro ícone dos B-movies devido ao seu papel mais famoso, o de Ashley 'Ash' Williams na excelente trilogia de culto The Evil Dead: The Evil Dead (1981), The Evil Dead II (1987) e Army of Darkness (1992).

Nesta trilogia, Campbell foi dirigido pelo seu amigo, o realizador Sam Raimi. É esta amizade que leva Campbell a surgir em vários dos filmes e séries realizados por Raimi. Por exemplo, desempenha o papel de Autolycus nas séries Hercules e Xena e tem cameos nos três Spider-Man.

Quer desempenhe o papel de um Elvis já decrépito que combate múmias (Bubba Ho-Tep) ou de um aventureiro de "capa e espada" (Jack of All Trades), há certos ingredientes que podemos sempre encontrar: slapstick, one-liners engraçados e um estilo over-the-top.

O seu estatuto de culto é tal que um dos seus próximos filmes tira partido disso. Em My Name is Bruce (2007), Bruce Campbell desempenha o papel de... Bruce Campbell. Este, ao visitar uma pequena cidade, é confundido com a sua personagem mais famosa (Ash Williams) e forçado a combater monstros verdadeiros. É um filme extremamente promissor.

Visitem a sua página oficial, fiquem a conhecer o seu extenso e variado currículo (filmes, séries, livros e jogos) e fiquem a saber o que ele acha sobre uma variedade de assuntos.

Hail to the king, baby!

16 May 2007

Cannes

Começou hoje o festival de Cannes. O festival vai na sua 60ª edição, sendo um dos festivais com mais reputação da actualidade

13 May 2007

(2007) Spider-man 3 (A luta interna)


Spider-man 3 já tinha sido noticiado neste blog pelo orçamento record. No entanto grandes orçamentos não fazem bons filmes, e estamos perante um caso destes. Vamos então analisar o porquê do filme ser o pior da trilogia.


Comecemos pela estória. Esta parte do final da estória do filme anterior, com as coisas entre Peter e MJ em bom caminho, mas com o amigo Harry a querer matá-lo pelo que fez ao pai. O inicio do filme está como os anteriores, com um bom desenvolvimento de personagens ao que se segue a acção do filme propriamente dita. Mas a meio do filme a acção para e voltamos a ter desenvolvimento de personagens, repetindo-se o ciclo mais uma vez. O resultado desta ondulação da acção é um grave problema de ritmo, dando a sensação que a estória foi pensada às partes e colada. No fim, ficamos com a sensação que condensaram material de dois filmes num só.


A acção está em excesso. Ou melhor, há partes que são perfeitamente desnecessárias, havendo algumas cenas que se tornam excessivamente longas. Mas afinal parece que é isso que o público gosta. Não obstante, os efeitos especiais dessas sequências estão muito bons. Destaco o efeito do Sandman.


O desenvolvimento de personagens também podia estar melhor. A storyline de Peter não está brilhante. MJ e Harry (na minha opinião, o personagem mais interessante do filme) estão ao mais alto nível. Stacey está completamente desaproveitada e é usada apenas como muleta. Eddie Brock.....bom, é melhor nem falar. Flint mako está em excesso. Embora as actuações não desiludam, os personagens deixam muito a desejar.


De uma forma geral, o filme tem algumas situações cuja explicação não convence, e é em parte nelas que me baseio ao afirmar que o filme parece uma manta de retalhos a nível de estória. Além disso, parece que falta também objectivo ao filme, pois se o tem, em algumas partes desvia-se muito dele.


Embora medíocre, o filme entretém, e os fans do super-herói não deverão ficar desiludidos.


Pontuação global: 5,5.

07 May 2007

Livros Vs Filmes

A grande maioria das pessoas defende que os filmes são sempre inferiores aos livros, e que qualquer adaptação de um livro ao cinema, terá sempre uma qualidade mais baixa. Na minha opinião o problema começa com esse dogma. Se alguém considera à partida que um livro é superior a um filme, vai sempre achar que uma adaptação é inferior, e regra geral é inferior porque faltam cenas, um personagem não aparece, as falas foram mudadas; em resumo, não está como o livro.


Quando se faz uma adaptação, é necessário ter em consideração que estamos a trabalhar em ambientes diferentes. Uma descrição que pode abranger várias páginas num livro, não poderá ter essa projecção numa tela, uma determinada cena que pode parecer interessante num livro, numa adaptação pode ser completamente irrelevante. Acima de tudo, há que ter a consciência que estamos perante dois meios com características distintas.


Dito isto, o que faz de uma adaptação uma boa adaptação? Em primeiro lugar tem de ser um bom filme, pois caso não o seja, falhou o seu objectivo principal. Em segundo lugar, deverá seguir a estória do livro, não obrigatoriamente linha à linha, mas sim de uma forma geral. E finalmente, os leitores do livro deverão reconhecer os personagens, locais, cenas, etc. mas acima de tudo vamos apreciar as adaptações como filmes e não como adaptações, pois o resultado final acaba mesmo por ser um filme, que é criado para ser visto tanto por pessoas que leram o livro como por quem não o leu.

(2006) A Scanner Darkly: Bem vindo ao mundo das drogas.

Após quase um ano após a estreia nos Estados Unidos, A Scanner Darkly estreou em Portugal no Indie Lisboa deste ano. O filme, baseado no livro de Philip K. Dick com o mesmo nome, conta a estória de Bob Arctor, um agente da polícia que se infiltra num grupo de supostos traficantes de uma droga conhecida como substância D, a mais temida droga da actualidade que provoca efeitos alucinogénicos e que gradualmente vai destruindo o cérebro.

O primeira realce deste filme é a tecnologia de animação usada (uma espécie de máscara de realidade), que foi muito bem explorada durante o filme, principalmente nas cenas que envolviam o fato que os agentes usavam em público. Infelizmente, esta é a única nota de verdadeiro destaque positivo do filme.

O grande ponto fraco do filme é o ritmo; muitooooo lentooooo. Muito do tempo do filme é passado com cenas de pouco interesse para os espectadores e que vão ficando cada vez mais entediantes. Alguns dos diálogos nestas cenas são particularmente dolorosos, pois apercebemo-nos que não vão chegar a lado nenhum, e que é apenas a droga a falar. A juntar a estas cenas temos também a confusão geral que reina durante o filme (principalmente no início), que faz o espectador perguntar onde vai o rumo da estória.


A estória do filme é boa, mas está muito mal aproveitada. Tendo lido a parte inicial do livro que deu origem ao filme, fiquei com a sensação que se trata de uma adaptação fiel da obra original, e no meu ver, o grande problema deste filme. Embora possa parecer contra-intuitivo para algumas pessoas, na verdade não deveria ser. Enquanto que a descrição de cenas em que os personagens estão sob o efeito de drogas possa ficar bem num livro, principalmente se esse livro foi focado num personagem, numa tela de cinema em que estas cenas se repetem faz com que um filme se torne cansativo, aborrecido, e sem interesse. Daí que foi um erro seguir o livro á letra ao invés de adaptar a estória.


Num âmbito global, o filme está mediano, tendo-me deixado com um amargo de boca, pois a estória tinha potencial para mais. Não fosse a inovadora tecnologia de animação usada, a nota do filme seria ainda mais baixa.

Pontuação global: 6,5