11 November 2007

(2001) Not Another Teen Movie


A acção decorre no John Hughes High School, onde os estudantes que o frequentam podem facilmente ser catalogados de acordo com os estereótipos adolescentes há muito existentes na sociedade escolar juvenil. Jake, o rapaz mais famoso do liceu e membro da sua equipa de futebol americano, é desafiado a entrar numa aposta por Austin, um arrogante quarterback da equipa de futebol com uma tendência irritante de criar alcunhas comicamente estéreis para as pessoas em seu redor.

A aposta consiste em transformar Janey, o "patinho feio" da estória (a típica rapariga linda sem meios financeiros e sem amigos que tem um ar demasiado geeky para que alguém repare nela e que a exclui dos meios sociais mais elevados do liceu), na raínha do baile de finalistas. Jake enfrenta vários obstáculos na sua tentativa de vencer a aposta, com destaque para a sua irmã Catherine, a rapariga mais cruel do liceu, e Priscilla, a cínica e irritante líder das cheerleaders que transita de namorada para ex-namorada de Jake na fase inicial do filme. Outro obstáculo é obviamente o facto de Jake começar a apaixonar-se por Janey durante a execução do seu plano.

Muitas outras personagens são retratadas no filme:
  • Sadie, a jornalista infiltrada no liceu, mas que tem uma idade um pouco acima do que seria de esperar;

  • Mitch, Ox e Bruce, os amigos que procuram incessantemente perder a virgindade, aproveitando para espiar as meramente casuais cenas de sexo lésbico que ocorrem nos balneários das raparigas após as aulas de educação física;

  • Areola, a estudante estrangeira sem nacionalidade definida e que percorre os corredores do liceu completamente nua;

  • Malik, o jovem negro cuja missão é única e exclusivamente proferir as falas tipicamente atribuídas a um negro em pontos cruciais da estória: Damn!, Shit! e That is wack!;

  • Amanda, a rapariga perfeita que é o ponto de origem de um desejo ardente por parte de Mitch, um dos membros do trio de amigos já referido;

  • o treinador da equipa de futebol americano que introduz em quase todas as suas frases a expressão God damnit!;

  • Ricky, o melhor amigo de Janey e que tem uma obsessão por esta última que lhe permite ser classificado como um stalker a dar os seus primeiros passos nessa nobre arte;

  • Sandy Sue, a mais recente aquisição da equipa de cheerleads que padece do síndroma de Tourette.

"Not Another Teen Movie" foi realizado por Joel Gallen, um produtor e realizador cuja única experiência fora do âmbito da televisão foi precisamente este filme. Observando o seu currículo, constata-se que as suas associações televisivas centram-se em torno da MTV, mas a verdade é que fez um bom trabalho neste caso particular. Como todos os filmes deste género, existem excelente momentos cómicos no seu decorrer, assim como péssimas tentativas de piadas que falham por completo os seus respectivos objectivos.

Apreciei bastante que tenha apostado em spoofs de filmes dos anos 80 ("The Breakfast Club", "Risky Business" e "Sixteen Candles", entre outros), criando uma mistura bastante agradável com as referências a filmes mais recentes ("American Pie", "American Beauty", "Cruel Intentions", etc.). Foram também introduzidos elementos que são premissas obrigatórias em filmes deste género, como tits 'n' ass, piadas de cariz escatológico e aquele que, na minha opinião pessoal, é um dos beijos mais nojentos da história do cinema. Simplesmente nojento!

Relativamente ao elenco, deixo referências para Chris Evans (Jake), a atraente Chyler Leigh (Janey) e o meu exemplar favorito de white trailer trash, a bela Jaime Pressly (Priscilla), que acabam por ser as figuras principais do filme e cumprem os seus papéis sem quaisquer apontamentos negativos. Existem outros destaques, mas ao nível de pura estimulação visual: Joanna Garcia (Sandy Sue), Lacey Chabert (Amanda), Mia Kirshner (Catherine) e Cerina Vincent (Areola). Uma referência também a algumas aparições especiais por parte de Molly Ringwald, Melissa Joan Hart e Laurence Tureaud (a.k.a, Mr. T).

É um filme que proporciona bons momentos de comédia nonsense, sobretudo se o espectador estiver na disposição de se divertir. Caso consiga identificar as referências aos filmes mais antigos, penso que poderá inclusivamente disfrutar ainda mais das respectivas piadas.

Give me a W!
Give me a Y!
Give me a... Lick my pussy ass cock shit!


Pontuação global: 5,2

04 November 2007

(2006) Skinwalkers


No início de Skinwalkers, é-nos apresentada a definição da expressão de origem Navajo "Yee nadlooshi" (Skinwalkers), referindo-se a seres humanos que, através do consumo de sangue de outros humanos, adquiriram poderes sobrenaturais. Estes poderes são considerados uma benção por alguns e uma maldição por outros. Em virtude desta divisão moral, decorre uma guerra entre duas facções de lobisomens, em que uma delas pretende pôr um fim à maldição, o que permitirá a todos os lobisomens levarem uma vida como seres humanos normais. A restante facção não pretende abdicar dos seus poderes e fará tudo o que estiver ao seu alcance para que se mantenha o status quo.

De acordo com uma antiga profecia índia, o fim da existência destes seres será originado por um rapaz de sangue misto (meio humano, meio lobisomem) que, sob uma lua vermelha e ao atingir os 13 anos de idade, se irá transformar e colocar um ponto final na maldição que assola os lobisomens. Esse rapaz é Timothy, um jovem que vive com a sua mãe humana e um conjunto de supostos familiares que, na verdade, são elementos da facção "boa" de lobisomens cuja função é proteger o rapaz com as suas próprias vidas até ao dia em que este possa finalmente cumprir a profecia. No entanto, a facção maléfica monta uma perseguição sangrenta e implacável a Timothy, tendo os seus elementos a perfeita consciência de que apenas a morte do rapaz poderá garantir a manutenção dos seus poderes.

A realização esteve a cargo de James Isaac. Uma breve observação da sua carreira é suficiente para que se possa discernir o tipo de projectos de baixa qualidade em que se envolve como realizador e produtor. Não querendo concerteza destoar do que tinha vindo a fazer até ao momento, enveredou então por este filme. Gostaria de fazer uma breve referência à audácia deste homem em afirmar que David Cronenberg é o seu ídolo e mentor. Se assim é, por favor, não envergonhes mais um dos maiores ícones vivos do cinema de terror. Relativamente ao elenco, não faço qualquer tipo de referência, pois esteve globalmente mal. Os efeitos especiais são dos poucos pontos positivos do filme. É altamente provável que este tenha sido o único aspecto em que Isaac conseguiu aprender algo com Cronenberg.

Por vezes questiono-me se será assim tão complicado criar um filme com cerca de 90 minutos de duração e cujo objectivo principal seja única e exclusivamente entreter uma audiência. Infelizmente, este filme é uma prova inequívoca de que o próprio conceito desta tarefa é algo transcendente para certas pessoas que trabalham no ramo do cinema. Em suma, um desperdício de tempo.

Pontuação global: 3,8