02 September 2008

(2007) Hostel: Part II


Paxton, o único sobrevivente de "Hostel", consegue regressar aos E.U.A., mas vive assombrado pelo medo de ser perseguido e morto pelo clube Elite Hunting, tendo-se recusado inclusivamente a contar à mãe de Josh, o seu melhor amigo falecido na Eslováquia, o paradeiro do seu filho. Os seus receios acabam por se tornar uma realidade ao ser decapitado quando se encontrava em casa da sua namorada. A sua cabeça é entregue ao líder do clube de caça como uma espécie de troféu.

Entretanto, Beth, Whitney e Lorna, três amigas universitárias norte-americanas que se encontram a estudar em Roma, estão de malas feitas em direcção a Praga para disfrutarem de uns dias de algum divertimento. Numa aula de desenho, travam conhecimento com uma das modelos chamada Axelle, reencontrando-a na viagem de comboio para Praga. Esta ganha a confiança do grupo de amigas ao recuperar o iPod que havia sido roubado a Lorna já no interior do comboio, convencendo-as de seguida a acompanhá-la numa curta viagem aos arredores de Bratislava, capital da Eslováquia. As amigas aceitam a sugestão de ficarem uns dias numa pequena e acolhedora vila onde terão a possibilidade de se hospedarem num hostel com acesso aos melhores spas de nascentes de água quente natural de toda a Europa.

Após a chegada das três amigas, os seus passaportes dão entrada no sistema informático do Elite Hunting e dá-se início aos leilões pelo direito de "brincar" com elas. Dois amigos norte-americanos, Stuart e Todd vencem os dois leilões referentes a Beth e Whitney, partindo de imediato em direcção à Eslováquia. Todd demonstra um entusiasmo imenso pela oportunidade que se avizinha, enquanto que Stuart está bastante renitente em assumir a responsabilidade de participar no tipo de divertimento proporcionado pelo clube de caça. Durante um festival local, Lorna abandona a festa com um estranho e desaparece sem deixar qualquer aviso quanto ao seu paradeiro. Logo na manhã seguinte, Beth e Whitney são levadas para o armazém industrial onde toda a "acção" decorre. Mais um conjunto de amigos satisfeitos com umas férias inesquecíveis...

"Hostel, Part II" é apenas a terceira longa-metragem do realizador Eli Roth, que desempenhou o duplo papel de argumentista tal como no seu antecessor, "Hostel". Infelizmente, os erros cometidos ao nível da escrita e direcção no primeiro filme voltaram a marcar presença nesta sequela. Foi agradável constatar o esforço em fornecer mais alguns dados relativamente ao clube de caça, nomeadamente a forma de funcionamento dos leilões (mostrada numa cena que tentou ser cómica, mas que acabou apenas por ser mais uma desenquadrada do ambiente do filme). Outro ponto positivo foi o grau manifestamente inferior de cenas de nudez e relações sexuais, mas também deverá ser dito que se trata de uma consequência directa da mudança de contexto humano (um grupo de raparigas em busca de descanso ao invés de um grupo de rapazes em busca de sexo e drogas).

A estória mantém-se como uma série de acontecimentos interligados de uma forma pouco fluída e algo atabalhoada. Insistiu-se novamente na inclusão de cenas que ultrapassam a linha que divive o credível e o ridículo. O expoente máximo é, sem qualquer dúvida, a cena com a qual termina o filme. No fundo, mais uma tentativa de induzir um pequeno riso na audiência, mas não nos esqueçamos que se deveria tratar de um filme de terror com uma premissa algo assustadora. No entanto, devo referir a que considero ser a melhor cena deste filme. A chegada de Stuart e Todd ao armazém onde se encontram as suas vítimas é muito bem conseguida através da eliminação total do som ambiente, sendo substituído por uma música que tem o dom de reflectir a dicotomia de abordagens bem patente nos dois amigos em relação ao que vai acontecer.

Em relação ao elenco, os principais intervenientes cumpriram com os seus papéis. Embora se tenha verificado um tom de superficialidade na interação entre as personagens, a evolução do estado mental de Beth (Lauren German), Stuart (Roger Bart) e Todd (Richard Burgi) foi algo agradável. No caso de Beth, é demonstrado como o instinto de sobrevivência inerente ao ser humano pode alterar a disposição de uma pessoa e a sua abordagem para com aqueles que colocam em causa o seu bem estar. Quanto a Stuart e Todd, estes representam a clássica dicotomia entre o elemento reservado/receoso e o elemento pomposo/corajoso de uma amizade. No momento de enfrentarem desafios à sua própria existência enquanto seres humanos que fazem parte de uma sociedade, os papéis invertem-se e, após a eliminação do recalcamento emocional, o lado negro do elemento reservado da amizade surge em todo o seu esplendor mórbido.

Como já tinha dado a entender, a quantidade de cenas com o factor tits 'n' ass descresceu relativamente a "Hostel", mas a sua qualidade manteve-se acima da média, sendo Vera Jordanova (Axelle) o seu ponto alto. Embora não tenham mostrado os seus atributos físicos de uma forma explícita, Lauren German (Beth) e Bijou Phillips (Whitney) não passam de todo despercebidas.

A cotação inferior deste filme, comparativamente ao seu antecessor, não significa que seja pior, mas deve-se, acima de tudo, ao facto de ter sido desperdiçada a oportunidade de corrigir os imensos erros anteriormente cometidos. O realizador optou por seguir o mesmo caminho quando outros estavam à sua disposição. O relacionamento emocional com os heróis da estória foi novamente dificultado, apesar de se terem verificado algumas mudanças bem vindas na evolução psicológica de um conjunto específico das personagens principais.

Relembro que caso estejam interessados em experimentar a gama de serviços apresentada nestes dois filmes, basta enviar um e-mail para o endereço blatanikov@gang.rus

What we do today is gonna pay off every day for the rest of our fucking lives!

Pontuação global: 5,2

14 August 2008

A prepotência dos pseudo-intelectuais

Decidi consultar hoje a secção do site do Público dedicada ao cinema com o intuito de saber os horários das sessões do filme "Wall.E", que tenciono ver assim que for possível. Num momento de curiosidade mórbida, dei uma vista de olhos à secção que contém as críticas dos críticos residentes do jornal O Público. Nunca escondi de ninguém o meu desacordo total com as opiniões manifestadas por estes críticos e pela forma como estas são construídas e apresentadas, mas hoje deparei-me com o que entendo ser a maximização da degradação intelectual de um dos seus elementos, o Sr. Luís Miguel Oliveira.

Tive a oportunidade de ler a "crítica" ao filme "The Dark Knight". Foi escrita no dia 24/07/2008 e embora vá transcrever o seu conteúdo e comentá-lo por segmentos, deixo de seguida o respectivo link:

http://cinecartaz.publico.clix.pt/criticas.asp?c=4585&id=204254&Crid=1

Pesadão e insosso, pelo menos tanto quanto o precedente episódio, se alguma utilidade este "Batman" tem é a de confirmar que Christopher Nolan, tirem-lhe os "truques" (a irritante "história ao contrário" de "Memento" ou a bem aproveitada "noite branca" do Alasca em "Insónia", o seu melhor filme), é um realizador fundamentalmente indistinto e académico.

Acredita verdadeiramente que o Christopher Nolan é um realizador "fundamentalmente indistinto e académico"? Será que tem a mínima consciência do que afirmou? No contexto específico do universo do Batman, teria sido melhor caso tivesse permanecido no ambiente colorido e exagerado que pautou todos os filmes que antecederam "Batman Begins"? Nolan assumiu desde cedo a sua abordagem a este super-herói: estamos perante um homem perturbado e bilionário que usa o dinheiro ao seu dispôr para se vestir de morcego e combater o crime da cidade em que habita. Isto é enquadrável no mundo em que vivemos! É palpável!

Um efeito down to earth tirou a figura mítica Batman de um plano existencial superior ao nosso e inseriu-a no nível em que os comuns mortais se encontram e de uma forma rude e visceral. E conseguiu fazê-lo de uma forma brilhante e unanimemente reconhecida pela crítica. Sim, a verdadeira crítica que se dedica ao estudo da Sétima Arte e que, ao expressar a sua opinião, fá-lo de forma sustentada com base em argumentos válidos com os quais podemos ou não concordar, mas que forçosamente teremos que aceitar dada a sua natureza coerente e lógica.


Não há uma única cena que fique na retina (pudera: o argumento é tão complicado que nem há tempo para respirar, quase todas as cenas são explicativas e parece que só existem para justicar a cena seguinte, num interminável processo de constante adiamento - perguntamo-nos no fim se o filme chegou a começar) e passa-se pelas boas ideias como cão por vinha vindimada (o décor urbano realista e diurno, desperdiçado de maneira, pelo menos num ou dois planos, bastante frustrante).

Era precisamente suposto não termos tempo para respirar. A ideia era transmitir ao espectador (com as devidas limitações) a sequência alucinante de acontecimentos que marcam a estória relatada. Encare o filme como um metrónomo cujo ritmo foi imposto pela personagem do falecido Heath Ledger. O Joker é um ser imprevisível que faz as várias engrenagens que sustentam o mundo que o rodeia girarem a uma velocidade imprevisível e desconfortável.

Por que é que achou o argumento complicado? Por que é que achou que "quase todas as cenas são explicativas e parece que só existem para justificar a cena seguinte"? Percebe onde quero chegar com esta linha de raciocínio? É extremamente fácil apontar o dedo (sempre foi e sempre será), mas justificar o porquê de se fazerem determinadas afirmações só está ao alcance daqueles que sabem conviver com os seus iguais em sociedade.

Se tivesse prestado um pouco mais de atenção a este filme e ao seu antecessor, poderia ter reparado numa progressão intencional entre o ambiente estabelecido em "Batman Begins" e aquele que nos é apresentado nesta nova etapa. Não houve qualquer desperdício, mas sim um tremendo aproveitamento das cenas outdoors como nunca antes se tinha visto num filme deste género. Para mais, não percebo a sua insistência em articular as frases como se estivesse a escrever um telegrama.


Salva-se deste pastelão Heath Ledger: podem dizer estamos influenciados e predispostos a achá-lo porque o rapaz morreu, mas é um facto que o seu Joker é muito bom. Pena ter à volta um filme tão mau.

Soube identificar o ponto alto do filme: Heath "The Joker" Ledger. Os meus parabéns. Agora etiquetar o filme de "tão mau" só demonstra que tem algum tipo de ódio pessoal a algo relativo a este filme... ou mais ainda. Vou reformular esta pequena dúvida sob a forma de uma pergunta de escolha múltipla:

O Sr. Luís Miguel Oliveira odeia:
[ ] A personagem Batman e, consequentemente, todo o seu
        universo
[ ] O realizador Christopher Nolan, motivado por pura inveja
        do seu tremendo talento e sucesso
[ ] O cinema em geral, dado que não trabalha na indústria
        do cinema por culpa do resto do mundo
[ ] All of the above

Sou um acérrimo defensor da liberdade de expressão, mas fico um pouco irritado quando indivíduos da nossa sociedade fazem um uso indevido de um direito que não podemos considerar como adquirido e pelo qual os nossos antepassados lutaram arduamente.

Perante as acusações (e alguns ataques pessoais) que ficaram para trás, passo a estabelecer as bases que me levaram a escrever este post. A diferença fundamental entre os snobs residentes deste blog e os pseudo-especialistas em cinema d'O Público é que nós assumimos abertamente que somos amadores e escrevemos o que queremos. Gostamos de cinema o suficiente para deixarmos as nossas opiniões escritas. Não temos uma obrigação perante a sociedade de estarmos a fazer o que se classificaria de "um bom trabalho", pois não somos expostos às pessoas; são elas que decidem se querem ou não ler aquilo que aqui escrevemos, dado que as nossas opiniões têm o valor que lhes for dado e apenas as próprias pessoas terão a capacidade de ajuizar acerca dos méritos ou deméritos de um filme.

Mas pessoas como o Sr. Luís Miguel Oliveira são remuneradas para providenciar um serviço aos seus leitores. Pegando no exemplo deste filme, ao serem redigidas críticas como o belo exemplar que acabei de dissecar, apenas estão a demonstrar o quão ridículos são e, mais grave que isso, estão pura e simplesmente a dar origem a uma onda de contra-informação relativamente à qualidade dos filmes que vão passando pelas salas de cinema nacionais. Se um dos snobs escrever uma crítica má acerca de um filme, não vai afectar ninguém. Mas se escrevêssemos para um jornal, a conversa mudaria obviamente de tom, pois estaríamos a expôr a nossa opinião perante um conjunto considerável de leitores que poderiam optar por se basearem única e exclusivamente no que havia sido escrito para decidir se um filme seria ou não interessante o suficiente para merecer um investimento monetário num bilhete de cinema, um aluguer num clube de vídeo ou a compra do filme em DVD.

Um dos exemplos que não me canso de referir é o "Fight Club". Eu e o snob fnunes já falámos em diversas ocasiões sobre este filme. Eu considero-o uma obra de arte e um dos melhores filmes de sempre, enquanto que o fnunes simplesmente detestou o filme! No entanto, fomos capazes de apresentar argumentos lógicos para sustentar as nossas opiniões divergentes! Não se pode simplesmente lançar um chorrilho de acusações sem qualquer tipo de justificação, por muito ténue que esta seja. Pessoalmente, apelido esse tipo de atitudes de pura cobardia.

Ao ter lido algumas críticas do Sr. Luís Miguel Oliveira num passado algo longínquo, apercebo-me rapidamente que continua a recorrer à mesma abordagem na interpretação dos filmes que visiona, que é aquela tipicamente associada a quem leva uma existência frustrada por "não estar do outro lado das trincheiras", se me permitem a expressão. Estarei a catalogá-lo facilmente num dos estereótipos mais fortes da indústria cinematográfica? Talvez esteja, sim. Mas faço-o com devido fundamento, pois quem não é capaz de admitir que gostou de qualquer filme que seja, não pode ser outra coisa que não um film school reject.

PS: um grande obrigado ao fnunes por ter contribuído decisivamente para o texto que acabaram de ler.

PS2: em jeito de birrinha pela inconsideração que o jornal O Público teima em demonstrar pelos seus leitores ao permitir que pessoas como o Sr. Luís Miguel Oliveira tenham um espaço fixo de opinião, na qualidade de fundador deste blog irei retirar permanentemente da secção Snobbish Links a ligação para o Cine Cartaz.

10 August 2008

(2005) Hostel


Paxton e Josh, dois amigos universitários norte-americanos, viajam pela Europa como backpackers, conhecendo em Paris um outro jovem que se junta ao grupo, o islandês Oli. Para os jovens estudantes, esta é uma oportunidade única de terem umas férias recheadas de sexo, drogas e experiências que nunca esquecerão. Tendo começado em França e passado por Suíça e Bélgica, chegam à bela cidade de Amesterdão, hospedam-se num hostel e dirigem-se de imediato para o famoso Red Light District para uma longa noite de diversão. Ao regressarem ao hostel, deparam-se com a porta fechada e reparam que não cumpriram a hora de recolher obrigatório em vigor. Dada uma pequena revolta popular na rua onde se encontram devido ao barulho que estão a fazer, e perante as sirenes da polícia cada vez mais próximas, decidem fugir em direcçao ao apartamento de um jovem chamado Alexei que lhes acena da janela.

Paxton e Josh contam a Alexei o plano de irem para Barcelona com Oli, dado que este tem alojamento grátis na cidade e conhecimentos do sexo oposto interessantes. Perante isto, Alexei sugere uma visita a um hostel nos arredores de Bratislava, capital da Eslováquia. O chamariz lançado é que as raparigas que por lá andam são das mais bonitas e promíscuas da Europa, e adoram rapazes de nacionalidade americana. Como seria de esperar, o grupo de aventureiros aceita a sugestão e segue viagem em direcção ao mítico hostel. Ao chegarem ao destino pretendido, deparam-se com uma vila calma e bonita e, acima de tudo, o hostel supera o que lhes havia sido prometido. Logo após a sua chegada, conhecem Natalya, Svetlana e Vala, três jovens atraentes que prontamente se oferecem para lhes mostrar a vila e outras facetas da vida naquele local.

Após a primeira noite de festa, Oli desaparece em circunstâncias misteriosas, não deixando qualquer aviso quanto ao seu paradeiro. Paxton e Josh tentam contactá-lo por telefone, mas sem sucesso. Com o passar das horas, começam-se a aperceber que algo de errado se passa naquele local. Longe estavam estes jovens de saberem que tinham acabado de cair na alçada de um clube conhecido como Elite Hunting, especializado em oferecer a pessoas de posses financeiras elevadas a possibilidade de assassinarem seres humanos, sendo-lhes dada liberdade total na escolha do percurso a adoptar para atingir o objectivo pretendido. De facto, umas férias inesquecíveis...

"Hostel" é a segunda longa-metragem do jovem realizador Eli Roth, que foi também o autor do argumento. Embora o conceito subjacente à estória seja interessante, foram cometidos demasiados erros (ao nível da escrita e direcção) que levaram o filme a assumir um rumo que defraudou as expectativas lançadas no início da sua promoção. Este filme foi classificado de porno gorefest por muitas pessoas e concordo em parte com a questão do sexo. Um componente vital da estória é a utilização do sexo fácil para atrair os jovens até ao hostel e teriam que ser mostrados alguns dos processos pelos quais estes últimos seriam "pescados", mas o constante bombardeamento com cenas de nudez e relações sexuais acaba por dar um aspecto "barato" ao filme. Nem sempre é preciso mostrar tudo para se fazer passar uma mensagem ou uma ideia.

A estória aparenta ser uma manta de retalhos que é unida consoante o conteúdo das cenas e não é capaz de transmitir uma sensação de fluidez ou continuidade. Algumas das cenas incluídas ultrapassam a linha divisória entre o minimamente credível e o ridículo. Sempre me disseram que não se deve brincar com moto-serras, mas um acidente como o ilustrado numa cena específica pareceu-me overkill. Ficou mesmo a sensação que o objectivo da cena seria induzir um pequeno riso nos espectadores, embora se trate supostamente de um filme de terror... Não era de todo necessário entrar no campo do ridículo para tornar o filme visceral.

Em relação ao elenco, os principais intervenientes cumpriram o que lhes foi pedido. A interacção entre as personagens foi superficial e, perante a ausência de diálogos consistentes, os actores em questão não tiveram ao ser dispôr um suporte escrito que pudesse servir de rampa de lançamento para um conjunto de actuações agradável ou minimamente credível. Para os amantes de slasher flicks, e como já tinha deixado a entender, a quantidade de tits 'n' ass é generosa e a sua qualidade acima da média, sendo Barbara Nedeljakova (Natalya) o seu ponto alto.

Em suma, o filme poderia ter oferecido outro tipo de conteúdo mais adequado ao que se propunha ser. O desenvolvimento das principais personagens foi claramente posto de parte em detrimento de uma sequência interminável de cenas de nudez e sexo. Isto impossibilitou qualquer tipo de relacionamento emocional com o que supostamente seriam os heróis da estória. Cheguei mesmo a desejar que sofressem até não poderem mais, dado o comportamento arrogante que sempre demonstraram desde o início.

Como nota, caso estejam interessados em experimentar a gama de serviços apresentada neste filme, bastará enviar um e-mail para o endereço blatanikov@gang.rus

I always wanted to be a surgeon.

Pontuação global: 5,9

18 May 2008

(2007) War


Dois agentes especiais do FBI, Jack Crawford e Tom Lone, procuram um assassino profissional conhecido como Rogue e que actualmente trabalha para a Yakuza (máfia japonesa), tendo sido no passado um dos melhores assassinos nos quadros da CIA. Durante uma pequena batalha num cais entre Rogue e um grupo de indivíduos pertencentes à Triade (máfia chinesa), Tom atinge Rogue na face com um disparo quanto este se preparava para matar Jack. Rogue cai à água, o que impede Jack e Tom de terem a oportunidade de se certificarem da sua morte. Dias mais tarde, Tom e a sua família (esposa e filha) são assassinados por Rogue, aparentemente numa medida de retaliação pela intervenção dos agentes na "transacção" que decorria no cais. Jack fica obcecado com a captura de Rogue e dedica todos os seus esforços nesse sentido, pondo de parte a sua própria família.

Três anos após a morte do seu parceiro, Jack atravessa uma fase complicada a nível pessoal, estando divorciado da sua esposa e sem a custódia do seu filho, quando subitamente se depara com provas do reaparecimento de Rogue. Um massacre num clube da Yakuza parece ter sido levado a cabo por este último devido à presença de balas de titânio no local do crime, o tipo exclusivo de balas que Rogue utiliza e que é considerada a assinatura pessoal. A peça que não encaixa no puzzle é o facto de ter morto elementos da Yakuza quando deveria estar a trabalhar para esta organização, sendo levantada a hipótese de estar agora a mando da Triade.

Dá-se início a uma guerra sangrenta entre as duas facções mafiosas em plenas ruas de San Francisco, sendo Rogue o epicentro das várias movimentações de bastidores que estão na base destes confrontos. Entretanto, todas as pessoas associadas de alguma forma a Rogue (um fabricante de balas e dois cirurgiões plásticos responsáveis pela sua reconstrução facial com uma periodicidade de 6 meses) começam a aparecer mortas, o que leva Jack a estar mais determinado do que nunca em capturar o mítico assassino. Para isso, lidera uma equipa de agentes com o objectivo de pôr um fim à existência de Rogue e, se possível, abrandar a expansão das duas organizações mafiosas envolvidas. No entanto, nem todos os intervenientes nesta situação são aquilo que aparentam e muitas surpresas estão reservadas.

"War" é a primeira experiência de Philip G. Atwell na realização de longas metragens e dos argumentistas Lee Anthony Smith e Gregory J. Bradley. A inexperiência destes estreantes transparece claramente no decurso do filme. Penso que o elenco foi consistente quanto baste e ajudou a disfarçar um pouco as várias lacunas da estória. Todavia, tenho que referir os sucessivos plot twists incorporados na fase final do filme. É sempre uma jogada perigosa, dada a consistência que se exige para que este género de construção num argumento resulte em pleno. Desta feita, pareceu-me desnecessário e mal conseguido. As cenas de acção foram relativamente bem coordenadas e encenadas, embora o seu encadeamento seja discutível no sentido de aumentar a tensão para a parte final da estória onde são feitas as já referidas revelações. Eu diria mesmo que a inclusão de algumas delas chega a ser discutível e em nada contribui para o desenrolar da estória, mas como se trata de um filme de acção...

No que diz respeito ao elenco, refiro as duas personagens principais cujo desempenho esteve a cargo de Jason Statham (Jack Crawford) e Jet Li (Rogue), dois actores com um vasto currículo em filmes de acção e que provaram novamente que são muito consistentes no que fazem, tanto na vertente artística como na vertente mais física. São dois homens em excelente forma física que gostam de correr riscos nas cenas que em participam. Num plano um pouco mais secundário, faço também uma referência a dois papéis muito bem entregues a Luis Guzmán (Benny), um agente da Interpol infiltrado no submundo do crime que fornece a Jack informações relativas a Rogue, e Ryo Ishibashi (Shiro Yanagawa), o chefe máximo da Yakuza. O primeiro é um actor versátil que se destaca pela sua capacidade de levar a cabo papéis muito diferentes de uma forma deveras particular, enquanto que o segundo é um veterano do cinema asiático que desempenha o principal papel num dos meus filmes de terror favoritos, "Ôdishon".

O filme fornece ao espectador alguns bons momentos de acção (tiros, pancadaria e perseguições) e mantém um ritmo aceitável, apesar de algumas lacunas na construção da estória e no desenvolvimento das principais personagens. Ajudado por algumas actuações consistentes no contexto do filme que se trata, é uma boa forma de ocupar algum período morto que possa surgir na agenda pessoal.

Hi... I'm a cop. What happened here? Know what I do when I'm not a cop? I play doctor. If I don't get this shrapnel out... it will get infected. I got it. No, it's a bone. Sorry. You want me to go back to my day job... give me something to do!

Pontuação global: 5,7

12 May 2008

(2007) Hitman


Um grupo conhecido apenas como The Organization tem como único objectivo o treino e condicionamento de assassinos profissionais. Não existem provas da sua existência dado todo o secretismo em seu torno, embora haja indícios de ligações com a maioria dos governos mundiais. Os futuros assassinos são seleccionados logo à nascença, com bebés rejeitados e órfãos a serem privilegiados devido ao seu estatuto de indesejados pela sociedade e "descartáveis". Tornam-se especialistas em todos os aspectos da arte de combater e apenas são programados para uma tarefa: matar.

O Inspector Mike Whittier e o adjunto Jenkins, agentes da Interpol, perseguem um indivíduo que crêem ser responsável por centenas de assassinatos profissionais um pouco por todo o mundo. Considerado como o melhor assassino formado pela The Organization, o Agente 47 aceita a tarefa de matar Mikhail Belicoff, o actual presidente da Rússia. Uma súbita mudança na sua orientação política, com uma consequente aproximação ao Ocidente, é do total desagrado de um cliente anónimo que afirma controlar o governo russo e receia perder essa posição face às acções de Belicoff.

Cumprindo a sua missão, o Agente 47 vê-se subitamente no meio de uma conspiração política que o torna num alvo a abater perante o seu envolvimento directo na morte de Belicoff. Uma jovem prostituta chamada Nika Boronina, que é propriedade de Belicoff, é apontada como uma suposta testemunha dos actos do Agente 47 e torna-se um peão no jogo político que se desenrola. Perseguido pela Interpol, pela FSP (polícia secreta russa) e por assassinos da sua organização, o Agente 47 acaba por assumir a responsabilidade pessoal de zelar pelo bem estar de Nika e executa um plano para descobrir a verdade por detrás de Belicoff, o epicentro de toda a conspiração.

"Hitman" é a mais recente adaptação de um jogo de computador ao grande ecrã, tendo sido levada a cabo por Xavier Gens. Esta é apenas a sua segunda longa-metragem, com a sua estreia a ter sido através do interessante Frontière(s). O seu trabalho enquanto realizador é aceitável, com uma ou outra sequência de acção (pequeno destaque para a batalha na estação de comboios) a ser bem conseguida. No entanto, permitiu a inclusão de cenas demasiado artificiais ao nível das actuações dos seus intervenientes. A tecnologia actual permite fazer mais que um take, segundo ouvi dizer... O argumento é fraco e embora haja a tentação em afirmar que não se podia esperar muito mais da adaptação de um jogo cujo objectivo é matar pessoas, a verdade é que a estória original tem alguns elementos interessantes que foram completamente descartados. Creio que se tivessem sido minimamente desenvolvidos e introduzidos no argumento, poderiam ter dado um toque de consistência e um outro ambiente ao filme.

O desempenho global do elenco esteve abaixo de aceitável. Timothy Olyphant (Agente 47) não foi capaz de transmitir na totalidade a aura da personagem que os fãs dos jogos esperavam. A responsabilidade terá que ser repartida entre uma aparente má escolha para o papel e um mau argumento que terá levado Timothy a seguir uma abordagem errada à personagem. Olga Kurylenko (Nika Boronina) não parece ter sido capaz de cumprir aquilo que o seu papel requeria. Uma mulher capturada por um assassino profissional dificilmente se comportaria de uma forma tão alegre e aberta. Dougray Scott (Mike Whittier) pareceu-me ter-se esforçado em demasia para dar um aspecto sério à sua personagem.

O filme pode ser abordado de duas perpectivas: quando comparado com o jogo no qual se baseia e enquanto filme por si só. No que diz respeito ao primeiro ponto, a opinião generalizada parece ser a de os únicos elementos em comum com o jogo serem o nome e o facto de a personagem principal ser um homem careca com um código de barras tatuado na nuca. Um claro desvio na forma de ser da personagem é o principal foco de afastamento entre o jogo e o filme.

Quanto ao segundo ponto, um nível insatisfatório de violência e um ritmo demasiado inconstante para um filme que se diz ser de acção, aliado a um argumento incoerente e desconexo, tornam "Hitman" em mais uma prova que a transição com sucesso do mundo dos jogos de vídeo para o cinema é uma tarefa muito complexa. Tem algum valor em termos de entretenimento, mas pouco mais que isso.

Because that suitcase perfectly holds my Blazer Sniper Rifle, two .45s and a gag for irritating, talkative little girls like yourself. You want me to stop and get it out?

Pontuação global: 5,2

26 April 2008

(2006) Nightmare Man


Ellen e o seu marido William estão com dificuldades em ter um filho devido a "complicações íntimas". Disposta a tudo, Ellen encomenda uma máscara de fertilidade africana que marca o início de uma fase conturbada da sua vida. Após a recepção deste objecto em sua casa, Ellen é atacada por um monstro que usa a máscara e ao qual apelida de Nightmare Man. William mostra-se relutante em acreditar na sua esposa e leva-a a uma consulta psiquiátrica com um Dr. Evans. Em virtude do resultado da avaliação que lhe é feita e de um estado de paranóia em recta ascendente, é tomada a decisão de que Ellen deve passar um período de tempo numa instituição psiquiátrica para que o seu problema possa ser analisado com cuidado, permitindo também que descanse ao afastar-se dos seus problemas matrimoniais.

A caminho da instituição, o carro onde Ellen e William viajam fica sem combustível. Após uma breve discussão, William desloca-se a pé até à estação de serviço mais próxima enquanto Ellen aguarda o seu regresso no carro. Ao escurecer, o misterioso Nightmare Man ataca novamente Ellen e dá-se início a algo que aparentava ter pretensões de ser uma perseguição, decorrendo no interior de um dos bosques que rodeiam a estrada. Após vários confrontos físicos com o demónio misterioso, Ellen chega a uma casa de campo onde dois jovens casais (Mia/Ed e Trinity/Jack) se encontram a passar o fim-de-semana com o intuito de comemorar o noivado do segundo casal referido.

Após ser acolhida pelos hóspedes da casa, Ellen conta a sua estória e apesar de possuir provas físicas do que afirma, o seu comportamento instável produz um clima de desconfiança generalizado e Jack decide contactar William por telemóvel. Este refere o estado psiquiátrico da sua esposa e lança o aviso para que tenham cuidado ao lidar com ela, prometendo chegar à casa o mais rapidamente possível. No entanto, as pessoas que se encontram reunidas na casa começam a ser mortas pelo Nightmare Man, não restando quaisquer dúvidas acerca da sua existência. Após a chegada de William à casa, muitas revelações são feitas. Será o assassino um mero homem? Estará Ellen possuída por um espírito demoníaco que se encontrava enclausurado na máscara de fertilidade africana?

"Nightmare Man" é mais uma entrada no já vasto e pouco ortodoxo currículo de Rolfe Kanefsky enquanto realizador e argumentista, cuja temática recorrente envolve uma mistura bizarra entre terror e sexo. Embora estejamos perante um filme de baixo orçamento, a verdade é que esta questão não pode ser constantemente utilizada como uma desculpa para estórias fracas e sem nexo, diálogos puramente cheesy e maus desempenhos do elenco. As principais personagens da estória são protagonizadas por Hanna Putnam (Trinity), Blythe Metz (Ellen), Tiffany Shepis (Mia), Luciano Szafir (William), James Ferris (Jack) e Jack Sway (Ed). Como nota, as cenas de tits'n'ass estiveram a cargo das jovens Tiffany Shepis e Blythe Metz.

Um filme a evitar, dado que não é sequer capaz de produzir um único susto que seja. Estória ridícula, personagens ridículas... Até o pai da filha da Xuxa (Luciano Szafir) entra no filme, caramba! Será mesmo necessário dizer mais? Um completo aborrecimento que me levou a cumprir novamente a regra de desperdício de 85 minutos de vida.

Fuckin' A! About time somebody clocked that crazy bitch!

Pontuação global: 3,5

20 April 2008

26 anos depois....


É já no dia 24 de Abril, que o clássico Blade Runner volta a estrear nas salas de cinema portuguesas. Trata-se desta feita da versão Final Cut. É uma oportunidade de ouro para as pessoas (como eu) que não tiveram a oportunidade de ver esta obra prima da 7ª arte no grande écran.

18 April 2008

(2006) The Abandoned


Marie Jones é uma produtora de cinema que foi adoptada quando era bebé. Após muitos anos de tentativas infrutíferas de obtenção de informações acerca dos seus pais biológicos, é contactada por um investigador russo chamado Andrei Misharin que afirma ter em sua posse a certidão de óbito e outra documentação relativa à sua mãe, Olga Kaidavosky. Perante isto, Marie decide embarcar numa viagem ao seu país de origem, a Rússia. Durante o encontro com Misharin, é-lhe dito que herdou uma propriedade da família Kaidavosky, não havendo qualquer indicação da identidade e paradeiro do seu pai ou a existência de irmãos, irmãs ou outros familiares próximos.

Reluctantemente, Marie acede a deslocar-se à quinta que se encontra num local geograficamente remoto e que é uma pequena ilha rodeada por um curso de água. É levada até lá por Anatoliy, um homem mal encarado e reservado, mas que aparenta saber algo acerca da família Kaidavosky. Ao final de um longo dia de viagem numa camioneta velha, atingem finalmente a entrada da quinta, na qual Marie se vê subitamente abandonada por Anatoliy que desaparece no interior de um bosque sob o pretexto de se certificar da segurança do trilho até à casa. Após um curto, mas assustador percurso pelo meio do dito bosque em plena noite, Marie entra na casa e depara-se com uma aparição fantasmagórica de si própria, colocando-se de imediato em fuga. Ao abandonar a casa descuidadamente, acaba por cair ao curso de água que rodeia a quinta.

A sua salvação surge sob a forma de Nicolai, um homem que também se encontrava na casa e que se apresenta como o seu irmão gémeo. Ambos vão partilhando várias informações que foram recolhendo ao longo de período de procura pelos seus pais e apercebem-se que as aparições que assombram a casa são os seus dopplegangers, ou seja, as personificações da forma como estão destinados a morrer. Com o passar do tempo, Marie e Nicolai são confrontados com situações que os leva a temer o pior para o seu futuro imediato, pois descobrem o segredo da sua família e vêem ser-lhes revelado o motivo pelo qual se encontram naquele local e quem os conduziu até lá.

"The Abandoned" é um produto da cada vez mais prolífica indústria de horror espanhola, que principalmente nos últimos 15 anos nos tem brindado com excelentes filmes, muitos deles a marcarem o início de carreiras internacionais. A realização esteve a cargo de Nacho Cerdà, um homem já conhecido no circuito de curtas-metragens espanholas pelo seu conteúdo algo perturbador e bem conseguido, tendo estado inclusivamente nomeado para um prémio Goya no ano de 1999. Este filme marca a sua estreia na direcção de longas metragens, ficando marcada por pontos positivos e negativos.

O argumento é bastante disconexo, não sendo fornecidas quaisquer justificações para certos eventos e o caminho percorrido até à sua ocorrência. O final torna-se facilmente antecipável pouco depois de se atingir o meio do filme, bastando para isso estar um pouco atento a algumas pistas discretamente apresentadas. O ponto forte deste filme é a sua cinematografia, que ajuda a transmitir uma sensação de abandono e inevitabilidade que se adequa muito bem à premissa da estória. O recurso a cores esbatidas permite a caracterização da paisagem florestal envolvente como um ambiente simultaneamente pacífico e agressivo. Quanto ao elenco, uma curta referência apenas para as duas personagens principais da estória, protagonizadas por Anastasia Hille (Marie) e Karel Roden (Nicolai), que desempenharam relativamente bem os seus papéis.

Como conclusão, é um filme que vale principalmente pelo ambiente negro que proporciona e por alguns (mas não muitos) bons momentos nos quais intervêm as já referidas aparições. Embora seja um pouco aborrecido, senti-me relativamente entretido e creio assim que os fãs do género não se sentirão totalmente defraudados, podendo reter algo de positivo do filme. Uma referência final ao facto de a página do IMDb deste filme conter um spoiler crucial para se poder antecipar o twist no final da estória.

Pontuação global: 4,7

12 April 2008

(2006) Dark Ride


Em 1989, no Asbury Park de New Jersey, duas gémeas adolescentes são brutalmente assassinadas no interior de uma atracção de terror chamada Dark Ride. Após uma busca intensa, o homicida, conhecido apenas como Jonah, é apreendido pela polícia local e são descobertos os corpos de 14 outras vítimas. As provas concludentes levam a que, no final do seu julgamento, seja condenado a 16 sentenças de prisão perpétua a serem cumpridas numa instituição psiquiátrica (Bayshore Mental Institution). Devido aos trágicos acontecimentos verificados, o concelho local decide encerrar o Dark Ride.

Após um período de 10 anos de cativeiro, Jonah consegue escapar da instituição psiquiátrica e regressa ao parque temático onde cometeu os brutais assassínios que resultaram na sua condenação, coincidindo com a reabertura do Dark Ride ao público. Entretanto, aproxima-se o início do período de férias de primavera das universidades locais e, cerca de duas semanas antes da fuga de Jonah, um grupo de amigos, composto por Cathy, Bill, Steve, Jim e Liz, decide passar uns dias na renovada costa marítima de New Jersey.

Após acederem a dar boleia a uma bela estranha chamada Jen, uma aposta entre Bill e Liz leva a que o grupo se dirija a Asbury Park para lá passarem a noite, aproveitando o facto de o parque estar ainda a 3 dias da sua reinauguração e poupando também o dinheiro que iriam gastar em alojamento antes de chegarem ao seu destino de férias. Sem darem por isso (e como seria de esperar), tornam-se nos novos alvos de Jonah, que tenciona voltar a matar no seu próprio território após um longo interregno, recriando as situações encenadas ao longo do percurso interior do Dark Ride.

"Dark Ride" foi realizado por Craig Singer, um realizador com um pequeno e nada animador currículo que teve neste filme uma criação para esquecer, com a agravante de também ter participado no papel de co-argumentista. Quanto ao elenco, o seu desempenho foi mau, não tendo este sido minimamente capaz de transmitir uma sensação de autenticidade. Os elementos centrais do enredo são Jamie-Lynn Sigler (Cathy), Patrick Renna (Bill), David Clayton Rogers (Steve), Alex Solowitz (Jim), Andrea Bogart (Jen) e Jennifer Tisdale (Liz). Em jeito de nota, a habitual cena de topless nestas circunstâncias esteve a cargo da jovem Andrea Bogart.

O argumento é relativamente decente, mas longe de ser consistente. Os guardas do hospital psiquiátrico retratados são exageradamente provocadores e ridículos, a ausência de sustentação do passado de Jonah e o seu tempo de antena mal organizado, o ritmo titubiante da estória, com imensos momentos de puro aborrecimento intercalados com poucas ocasiões de gore e slashing... Deve também ser referida a péssima cinematografia, marcada por uma iluminação desastrosa que consegue estragar muitos dos supostos melhores momentos do filme e dificultar globalmente o seu visionamento.

Perante uma irritante incapacidade de assustar ou de sequer induzir uma pequena aceleração no ritmo cardíaco, este filme é apenas mais um exemplo de como é possível manchar a imagem dos clássicos B movies. Um festival de aborrecimento que me levou a olhar inúmeras vezes para o relógio na expectativa de que terminasse rapidamente. Fui capaz de aguentar até ao fim, tendo mantido intacta a regra de desperdício de 85 minutos de vida.

Pontuação global: 3,7

30 March 2008

(2007) I Am Omega


Richard acredita ser o último homem vivo à face da Terra, dado que a restante população do planeta é um exército de zombies que este combate dentro das suas possibilidades. A situação de isolamento em que se encontra associado às memórias dolorosas da morte da sua mulher e filho às mãos de zombies, o constante estado de alerta em que vive e a utilização abusiva de comprimidos (não sendo referido, parecem ser anti-depressivos e para indução de sono) começam a afectá-lo profundamente, dando-se a ocorrência de alucinações. No decurso do dia, explora o território em redor da sua casa, resgatando combustível para o seu carro e mantimentos de vários tipos, como roupa e comida.

Inesperadamente, e quando se encontrava em frente ao seu MacBook Pro (dado o baixíssimo orçamento do filme, calculo que este pequeno product placement tenha sido suficiente para pagar toda a produção) a consultar cartas geográficas, recebe um pedido de comunicação por vídeo. Após vários dias de hesitação perante os repetidos pedidos de ligação, Richard decide finalmente aceitá-lo e constata que do outro lado se encontra uma mulher chamada Brianna. Esta encontrava-se numa caravana que foi atacada por zombies e que se dirigia para um local nas montanhas onde estaria sediada uma comunidade composta por milhares de humanos não infectados. Estando sozinha e rodeada de zombies, Brianna pede a Richard que a salve.

Embora recusando inicialmente este pedido, Richard acaba por ser persuadido à força por dois soldados chamados Vincent e Mike, que supostamente fazem parte de um grupo militar proveniente da tal comunidade refugiada nas montanhas. Estes afirmam que Brianna possui no seu sangue a cura para a infecção que assola o planeta. No decurso do salvamento que, como seria de esperar, se transforma rapidamente numa tarefa de proporções herculianas, ocorrem várias surpresas que irão alterar drasticamente a vida de Richard.

"I Am Omega" é um filme de baixo orçamento cuja estória se baseia distantemente no excelente clássico de Richard Matheson, "I Am Legend". Apesar de simples e directo, o argumento apresenta-se sob uma forma algo disconexa, os desempenhos dos actores são maus e até os próprios zombies não se encontravam no pico da sua forma física. Os papéis principais pertencem a Mark Dacascos (Richard) e Jennifer Lee Wiggins (Brianna), que deram sempre a impressão de quererem despachar a gravação das suas cenas o mais rapidamente possível para poderem retomar as suas respectivas vidas, deixando para trás esta má experiência cinematográfica.

Suspeitando à partida que o filme deixaria algo a desejar em termos de qualidade, optei todavia por o ver devido ao seu contexto zombie. Mas nem esta questão me permite afirmar que o filme tenha servido como um pequeno entretenimento numa tarde de Domingo. De um ponto de vista pragmático, digamos apenas que foram 85 minutos da minha vida que não poderei reaver.

Pontuação global: 3,6

29 March 2008

(2007) Lake Dead


Três irmãs (Brielle, Kelli e Sam) são informadas da morte de um avô que pensavam ter falecido antes dos seus próprios nascimentos. Esta notícia é transmitida pelo seu pai John, um alcoólico que mantém uma relação distante com as próprias filhas. Perante a informação adicional de que herdaram o motel que era gerido pelo avô, as três irmãs decidem ir ao funeral e, de seguida, ver o real valor da suposta propriedade para que possam tomar uma decisão relativamente ao seu futuro. Sam decide não comparecer ao funeral para não ter que enfrentar o seu pai, preferindo seguir directamente para o motel.

No entanto, Brielle e Kelli prestam as suas homenagens ao seu avô e censuram John por lhes ter mentido ao afirmar que os seus avós já haviam falecido quando estas eram apenas miúdas. John retalia ao afirmar que o avô era uma pessoa maléfica, dando também um aviso algo assustador no sentido de não se aproximarem da propriedade em questão. Aproveitando a situação para passar um fim-de-semana fora, organizando para o efeito uma pequena road trip, forma-se um pequeno grupo composto por Brielle e o seu namorado Ben, Kelli e a sua amiga Tanya, e Bill e Amy, um casal amigo.

A partir deste ponto, eu poderia fazer um esforço para manter algum suspense relativamente aos acontecimentos que se desenrolam em "Lake Dead", mas não o vou fazer. Dada a fraca qualidade do filme, passarei a explicar sucintamente todo o enredo. A restante família das três irmãs continua a residir no motel, sendo ela composta pela avô Gloria, o tio Chuck e dois jovens desfigurados. Numa tentativa de manter a linhagem da família, este conjunto de pessoas pretende usar Brielle e Kelli para prolongar a pureza do sangue da família. Sim, estamos perante mais um caso de redneck inbreeding. Posso também adiantar que Sam é adoptada, sendo por isso eliminada praticamente no início do filme, pois o seu sangue é considerado impuro.

O argumento é globalmente mau, tendo sido redigido com base em referências baratas a outros filmes do género e estando repleto de cheesy one liners. Embora o elenco seja simplesmente mau, numa tentativa de se manter fiel às regras dos verdadeiros B movies, este encontra-se repleto de jovens atraentes e prontas a tornarem-se no alvo preferencial de psicopatas sedentos de sangue, nomeadamente Kelsey Crane (Brielle), Kelsey Wedeen (Kelli), Tara Gerard (Sam), Vanessa Viola (Amy) e Malea Richardson (Tanya).

Não posso sequer afirmar que o filme tenha sido divertido, pois considero as cenas mais sangrentas mal concebidas e executadas. De facto, trata-se de um filme bastante mau que tolerei dada a minha paixão pessoal por filmes de horror. No entanto, apenas o aconselho a pessoas que ou tenham um diploma que comprove a posse de uma paciência de santo ou que estejam dispostas a desperdiçar cerca de 85 minutos das suas vidas.

Pontuação global: 3,5

19 February 2008

A orgia visual e sonora de Blade Runner...

...continua a ser uma orgia visual e sonora. Vi ontem, em Inglaterra, uma reposição em cinema do Blade Runner e não podia deixar de vir aqui assinalar o momento. Foi a primeira vez que vi em cinema e voltei a gostar muito da atmosfera e ritmo contemplativo do filme. A fotografia, baseada em claros e escuros, é fantástica. A fabulosa música do Vangelis e toda a envolvência sonora do filme complementa o que é para mim um dos mais estimulantes ambientes cinematográficos. O tema da procura de identidade também me diz bastante. Toda a restante parte técnica é boa. Portanto, se calhar volto hoje vou ver de novo ;-) Pergunta para o snob FNunes e qualquer outro que saiba responder: quais são as grandes diferenças entre o livro, que eu nunca li, e o filme?

03 February 2008

(2007) AVPR: Aliens vs Predator - Requiem


Três anos após os seu predecessor surge Alien vs Predador 2, que volta a brindar o público com mais um confronto entre duas das mais temidas criaturas do mundo do cinema.

A estória de AVP2 começa no final do primeiro filme, com um alien a nascer do corpo do predador que conseguiu escapar à alien queen do primeiro filme. O nascimento do alien causa o caos na nave dos predadores e faz com que esta se despenhe na Terra (que conveniente).

A premissa parecia interessante pois prometia ser aquilo que o primeiro não foi, ou seja, uma luta entre aliens e predadores com os humanos apanhados no meio. De facto, a estória deste filme consegue recriar bem o ambiente dos filmes “Alien” e com um sucesso moderado, o ambiente dos filmes “Predador”. Mas embora os ambientes tenham sido recriados com sucesso, não conseguem contrabalançar a evidente fraca qualidade do argumento, muito devido às inúmeras sequências de cenas fracamente interligadas, que dão a sensação que a estória do filme é forçada.

O guião também é caracterizado pelo elevado número de clichés, fazendo com que o filme seja previsível. Fica também a sensação que em algumas cenas, o comportamento das criaturas foi ajustado ao filme e não o contrário. (Como é que os aliens conseguem fazer uma emboscada aos militares que são enviados para a cidade e não fazem o mesmo a um grupo de civis?)

De um modo geral este filme não convence, e provavelmente só irá agradar aos fans mais fieis de ambos os filmes. Não fosse a qualidade e quantidade dos efeitos especiais bem como estarmos perante “Aliens” e “Predadores” e estaríamos perante um filme de séria B. Felizmente que este não termina a pedir uma sequela.


Pontuação global: 5

(2007) Saw IV


A autópsia ao corpo de John Kramer, mais conhecido como o bizarro serial killer Jigsaw, revela uma cassete no interior do seu estômago. Nesta, o Detective Hoffman é avisado por Jigsaw que, apesar da sua morte, os seus jogos continuarão e o próprio Detective não escapará a uma prova que testará a sua vontade de viver.

Rigg, o comandante do esquadrão SWAT, vive atormentado com a ausência de informação acerca do paradeiro e estado de saúde dos detectives Allison Kerry e Eric Mathews, ambos desaparecidos sem qualquer rasto. Quando finalmente encontram o corpo mutilado da Detective Kerry, surgem fortes indícios de que Amanda Young não seria a única cúmplice de Jigsaw, devido à disposição do cadáver de Kerry. Neste momento, entram em cena dois agentes especiais do FBI (Strahm e Perez), cujo contacto no departamento da polícia era precisamente a Detective Kerry, tendo sido enviados para descobrir quem é o novo misterioso participante nos jogos doentios de Jigsaw.

Dada a sua amizade pessoal com os Detectives Kerry e Mathews, Rigg encontra-se emocionalmento instável e é dispensado por Hoffman para poder repousar. Quando regressa a casa, a sua esposa, cansada da falta de disponibilidade física e emocional do seu marido, opta por uma separação temporária. Nesse mesmo dia, e quando nada o faria prever, Rigg torna-se subitamente no principal peão do novo jogo de Jigsaw. O objectivo que lhe é proposto consiste em ultrapassar um conjunto de tarefas sórdidas no espaço de 90 minutos para que possa salvar as vidas de ambos os Detectives Mathews e Hoffman, que se encontram captivos num local que Rigg terá que descobrir.

Entretanto, os agentes Strahm e Perez coleccionam pistas que lhes permitam descobrir não só o desaparecido Detective Mathews, mas também o recentemente desaparecido Rigg, que se apresenta como o principal suspeito a ocupar a vaga do misterioso seguidor de Jigsaw. Jill Kramer, a ex-mulher de John, desempenha também um papel importantíssimo neste processo, preenchendo diversos espaços em branco no passado de John que possibilitam avanços na investigação. A compreensão das verdadeiras motivações de Jigsaw adquire uma dimensão inegável no decurso da descoberta da localização exacta dos agentes desaparecidos, mas também trará novidades adicionais que não eram previstas inicialmente.

Darren Lynn Bousman regressa como o realizador de "Saw IV", a nova etapa de uma das mais bem sucedidas franchises da história do cinema de terror. Darren voltou a fazer um bom trabalho e manteve com sucesso o ambiente negro e inquietante dos anteriores filmes, recorrendo a uma cinematografia baseada em ambientes escuros e criteriosamente iluminados.

Relativamente aos actores, Tobin Bell (John Kramer/Jigsaw) volta a ser o ponto alto do elenco. Desta feita, o seu tempo antena incide principalmente na caracterização da sua personagem no período de tempo que antece o início da sua actividade no papel de Jigsaw. Um homem talentoso e afectuoso transforma-se num monstro devido à sua revolta pessoal perante o estado actual da sociedade em que se encontra inserido e dos elementos que a constituem. Esta transição é muito bem conseguida por Tobin e este assume-se novamente como o pilar desta saga.

Do restante elenco, destacam-se as actuações relativamente sóbrias e bem conseguidas de Scott Patterson (Strahm) e Lyriq Bent (Rigg). Estes retratam respectivamente um homem motivado e desejoso de descobrir a verdade dos factos por detrás de uma série macabra e brutal de assassínios, e de um homem subitamente inserido num dos jogos de Jigsaw que procura não só a salvação de um amigo pessoal, mas também a sua própria salvação. O ponto negativo fica reservado para Costas Mandylor (Hoffman), que apresenta uma capacidade de expressão emocional praticamente nula, empobrecendo assim todas as cenas em que participa.

Esta sequela faz um imenso esforço para se manter consistente com os imensos enredos provenientes dos filmes anteriores. Eu diria que se apresenta como uma espécie de argamassa que tenta preencher buracos que existam em toda a estória. É também feita a junção de diversas linhas temporais através de um processo que esclarece os pontos chave da estória, mas que poderá confundir os espectadores mais desatentos e menos recordados dos acontecimentos herdados dos filmes anteriores.

Embora este filme seja inferior aos seus antecessores, a franchise em si aparenta ter um balão de oxigénio razoavelmente carregado para sobreviver a mais uma etapa, que deverá estrear já no final do presente ano de 2008.

You think you will walk away untested? I promise that my work will continue. That I have ensured. By hearing this tape some will assume that this is over. But I am still among you. You think it's over just because I'm dead? It's not over. The games have just begun.

Pontuação global: 6,8

22 January 2008

Movie Snobs: 1 ano de existência!

O dia que agora termina marca o primeiro ano de existência deste blog denominado Movie Snobs. Parece que foi ontem que tive a ideia de criar um blog no qual pudesse partilhar com os amigos as minhas experiências pessoais ao fazer aquilo que mais gosto e que sempre foi uma paixão minha desde muito novo: ver filmes.

O fascínio que tenho pela arte do cinema é algo que, por muito que me esforce, não consigo explicar por intermédio de uma combinação sintacticamente correcta de meras palavras. Um filme é aquilo a que chamo de um objecto mítico. Porque pode oferecer-me o escape que preciso para descontrair após um dia menos bom no emprego, pode levar-me a recordar uma experiência pessoal (quer seja ela positiva ou negativa) que me tenha de alguma forma marcado, pode levar-me a embarcar numa aventura que me veria impossibilitado de saborear de qualquer outra forma, pode assustar-me com criaturas diabólicas e maléficas...

Na sua verdadeira essência, é isto que o cinema exerce sobre mim: poder. O poder de me fazer sorrir, de me fazer chorar de alegria ou tristeza, de tocar em pontos do meu íntimo que apenas partilho com o círculo muito estrito de pessoas que me orgulho de conhecer e que considero a minha família (por laços familiares ou de amizade), de me proporcionar experiências emocionais às quais não teria acesso no contexto social e familiar da vida que levo...

Por me ajudarem a partilhar este vasto conjunto de emoções, deixo os meus sinceros agradecimentos a todos os que, de uma forma ou outra, têm contribuído para o crescimento deste blog. O nosso blog. Apesar de terem vidas profissionais exigentes, todos vocês investem segmentos do vosso tempo pessoal para partilharem pontos de vista relativamente aos filmes a que assistem e mais que isso eu nunca vos poderia pedir. Do fundo do meu coração, muito obrigado. :)

Após um texto emotivo, e antes que comece a chorar, partilho com vocês o meu desejo de que este blog se mantenha activo por muitos e bons anos, continuando a ser um ponto de encontro de um grupo de amigos que gosta de cinema e que quer partilhar esse mesmo gosto com todos os internautas que estejam dispostos a perder algum do seu tempo a ler o que aqui escrevemos.

Num tom ainda mais pessoal, não posso deixar de referir que ter-vos a todos como amigos é um privilégio do qual me orgulho de poder usufruir. Aliando a isto o facto de ter ao meu lado a mulher que amo há tantos anos, terei que terminar este meu pequeno ensaio fazendo minhas as palavras de um velho amigo:

Today, I consider myself the luckiest man on the face of the earth.

13 January 2008

(2007) Ghost Rider


O jovem Johny Blaze e o seu pai, Barton Blaze, são os protagonistas de um espectáculo de acrobacias com motas numa feira ambulante. Quando Johny decide abandonar a sua actual vida profissional para fugir com Roxanne Simpson, a filha de um dos trabalhadores da feira pela qual está loucamente apaixonado, descobre surpreendentemente que o seu pai padece de um cancro em fase terminal. Não querendo abandoná-lo, Johny desiste do seu plano de fuga, mas subitamente é visitado por Mephistopheles, que lhe propõe um simples negócio: a restituição da saúde do seu pai em troca da sua alma.

Johny aceita o acordo e vê-se então livre para retomar o seu plano de fugir com Roxanne. No entanto, durante uma actuação rotineira, o seu pai morre em consequência de um "trágico" acidente. Perante a traição de Mephistopheles, que havia garantido o bem estar do seu pai, decide abandonar a feira ambulante, os seus amigos e a própria Roxanne, afastando-se de tudo o que esteja relacionado com o seu pai. Vários anos mais tarde, Johny é considerado um dos melhores motociclistas do mundo devido às suas perigosas acrobacias e à sua tendência para resistir a acidentes que certamente levariam à morte de qualquer outro ser humano.

No dia em que Johny se prepara para a acrobacia mais arriscada da sua carreira, é confrontado com uma agora adulta Roxanne, que trabalha para uma cadeia de televisão como jornalista. Para além do reencontro com o amor da sua vida, Johny recebe uma nova visita de Mephistopheles, que coloca na mesa um novo negócio: a sua alma ser-lhe-á devolvida caso aceite tornar-se no Ghost Rider (um agente sobrenatural cuja missão é reclamar as almas de seres impuros) e eliminar Blackheart, o próprio filho de Mephistopheles que pretende encontrar um antigo contrato que lhe permitirá possuir mil almas e transformar a terra num literal inferno, destronando o seu pai. Para atingir o seu objectivo, Johny conta com a ajuda de Caretaker, um misterioso homem que trabalha num cemitério e que, para além de não ser aquilo que aparenta, possui um conhecimento profundo de toda a situação na qual Johny se encontra envolvido.

"Ghost Rider" é a segunda experiência do realizador Mark Steven Johnson no mundo das adaptações de comics, logo após o péssimo "Daredevil". Não tendo aprendido a sua lição com este último filme, voltou a cometer os mesmos erros que já haviam humilhado um dos mais conhecidos heróis da Marvel: um argumento repleto de falhas de continuidade, diálogos fraquíssimos, actores mal escolhidos para determinados papéis... Uma lista repleta de fortes indicadores para a possibilidade de o seu futuro nesta carreira não se avizinhar muito promissor. A solução passa inevitavelmente pela sua capacidade de aprender com os seus erros e de se afastar deste género de filmes, tendo já demonstrado inequivocamente que não tem capacidade para os coordenar e dirigir.

Os desempenhos do elenco foram globalmente maus, tendo alguns atingido picos de uma ridicularidade impressionante para um filme do qual se esperaria um padrão mínimo de qualidade. Nicolas Cage (Johny Blaze/Ghost Rider) parece estar apostado a participar apenas em maus filmes nestes últimos anos. É verdadeiramente lamentável que um actor do seu inegável calibre se digne a colaborar em filmes como este, independentemente de o ter feito ou não por puro gozo e diversão. Este filme é um daqueles pontos negros que nenhum actor ou actriz deve ter no currículo.

Quanto ao resto do elenco, Eva Mendes (Roxanne Simpson) mantém a táctica usual de disfarçar a sua gritante falta de talento com uma aparência claramente acima da média. Wes Bentley (Blackheart) foi exagerado e ridículo na sua caracterização do maléfico filho do Diabo que se revolta contra o próprio pai e o tenta destruir, enquanto que Peter Fonda (Mephistopheles), uma referência do cinema, terá sido completamente desaproveitado com uma personagem algo apática. A única nota positiva pertence a Sam Elliott (Caretaker), um bom actor que possui uma vasta experiência e, acima de tudo, é extremamente consistente nos seus desempenhos. Cumpriu muito bem o seu papel e assentou que nem uma luva na personagem que retratou.

Em suma, este filme apenas deve ser visto caso não exista qualquer outra opção disponível. Relativamente aos fãs hardcore dos livros de comics, o visionamento do filme torna-se assim proibitivo, existindo o sério risco de uma revolta popular e a consequente organização de uma caça "à moda antiga" aos responsáveis pela sua exibição.

He may have my soul, but he doesn't have my spirit.

Pontuação global: 4,5