19 February 2008

A orgia visual e sonora de Blade Runner...

...continua a ser uma orgia visual e sonora. Vi ontem, em Inglaterra, uma reposição em cinema do Blade Runner e não podia deixar de vir aqui assinalar o momento. Foi a primeira vez que vi em cinema e voltei a gostar muito da atmosfera e ritmo contemplativo do filme. A fotografia, baseada em claros e escuros, é fantástica. A fabulosa música do Vangelis e toda a envolvência sonora do filme complementa o que é para mim um dos mais estimulantes ambientes cinematográficos. O tema da procura de identidade também me diz bastante. Toda a restante parte técnica é boa. Portanto, se calhar volto hoje vou ver de novo ;-) Pergunta para o snob FNunes e qualquer outro que saiba responder: quais são as grandes diferenças entre o livro, que eu nunca li, e o filme?

03 February 2008

(2007) AVPR: Aliens vs Predator - Requiem


Três anos após os seu predecessor surge Alien vs Predador 2, que volta a brindar o público com mais um confronto entre duas das mais temidas criaturas do mundo do cinema.

A estória de AVP2 começa no final do primeiro filme, com um alien a nascer do corpo do predador que conseguiu escapar à alien queen do primeiro filme. O nascimento do alien causa o caos na nave dos predadores e faz com que esta se despenhe na Terra (que conveniente).

A premissa parecia interessante pois prometia ser aquilo que o primeiro não foi, ou seja, uma luta entre aliens e predadores com os humanos apanhados no meio. De facto, a estória deste filme consegue recriar bem o ambiente dos filmes “Alien” e com um sucesso moderado, o ambiente dos filmes “Predador”. Mas embora os ambientes tenham sido recriados com sucesso, não conseguem contrabalançar a evidente fraca qualidade do argumento, muito devido às inúmeras sequências de cenas fracamente interligadas, que dão a sensação que a estória do filme é forçada.

O guião também é caracterizado pelo elevado número de clichés, fazendo com que o filme seja previsível. Fica também a sensação que em algumas cenas, o comportamento das criaturas foi ajustado ao filme e não o contrário. (Como é que os aliens conseguem fazer uma emboscada aos militares que são enviados para a cidade e não fazem o mesmo a um grupo de civis?)

De um modo geral este filme não convence, e provavelmente só irá agradar aos fans mais fieis de ambos os filmes. Não fosse a qualidade e quantidade dos efeitos especiais bem como estarmos perante “Aliens” e “Predadores” e estaríamos perante um filme de séria B. Felizmente que este não termina a pedir uma sequela.


Pontuação global: 5

(2007) Saw IV


A autópsia ao corpo de John Kramer, mais conhecido como o bizarro serial killer Jigsaw, revela uma cassete no interior do seu estômago. Nesta, o Detective Hoffman é avisado por Jigsaw que, apesar da sua morte, os seus jogos continuarão e o próprio Detective não escapará a uma prova que testará a sua vontade de viver.

Rigg, o comandante do esquadrão SWAT, vive atormentado com a ausência de informação acerca do paradeiro e estado de saúde dos detectives Allison Kerry e Eric Mathews, ambos desaparecidos sem qualquer rasto. Quando finalmente encontram o corpo mutilado da Detective Kerry, surgem fortes indícios de que Amanda Young não seria a única cúmplice de Jigsaw, devido à disposição do cadáver de Kerry. Neste momento, entram em cena dois agentes especiais do FBI (Strahm e Perez), cujo contacto no departamento da polícia era precisamente a Detective Kerry, tendo sido enviados para descobrir quem é o novo misterioso participante nos jogos doentios de Jigsaw.

Dada a sua amizade pessoal com os Detectives Kerry e Mathews, Rigg encontra-se emocionalmento instável e é dispensado por Hoffman para poder repousar. Quando regressa a casa, a sua esposa, cansada da falta de disponibilidade física e emocional do seu marido, opta por uma separação temporária. Nesse mesmo dia, e quando nada o faria prever, Rigg torna-se subitamente no principal peão do novo jogo de Jigsaw. O objectivo que lhe é proposto consiste em ultrapassar um conjunto de tarefas sórdidas no espaço de 90 minutos para que possa salvar as vidas de ambos os Detectives Mathews e Hoffman, que se encontram captivos num local que Rigg terá que descobrir.

Entretanto, os agentes Strahm e Perez coleccionam pistas que lhes permitam descobrir não só o desaparecido Detective Mathews, mas também o recentemente desaparecido Rigg, que se apresenta como o principal suspeito a ocupar a vaga do misterioso seguidor de Jigsaw. Jill Kramer, a ex-mulher de John, desempenha também um papel importantíssimo neste processo, preenchendo diversos espaços em branco no passado de John que possibilitam avanços na investigação. A compreensão das verdadeiras motivações de Jigsaw adquire uma dimensão inegável no decurso da descoberta da localização exacta dos agentes desaparecidos, mas também trará novidades adicionais que não eram previstas inicialmente.

Darren Lynn Bousman regressa como o realizador de "Saw IV", a nova etapa de uma das mais bem sucedidas franchises da história do cinema de terror. Darren voltou a fazer um bom trabalho e manteve com sucesso o ambiente negro e inquietante dos anteriores filmes, recorrendo a uma cinematografia baseada em ambientes escuros e criteriosamente iluminados.

Relativamente aos actores, Tobin Bell (John Kramer/Jigsaw) volta a ser o ponto alto do elenco. Desta feita, o seu tempo antena incide principalmente na caracterização da sua personagem no período de tempo que antece o início da sua actividade no papel de Jigsaw. Um homem talentoso e afectuoso transforma-se num monstro devido à sua revolta pessoal perante o estado actual da sociedade em que se encontra inserido e dos elementos que a constituem. Esta transição é muito bem conseguida por Tobin e este assume-se novamente como o pilar desta saga.

Do restante elenco, destacam-se as actuações relativamente sóbrias e bem conseguidas de Scott Patterson (Strahm) e Lyriq Bent (Rigg). Estes retratam respectivamente um homem motivado e desejoso de descobrir a verdade dos factos por detrás de uma série macabra e brutal de assassínios, e de um homem subitamente inserido num dos jogos de Jigsaw que procura não só a salvação de um amigo pessoal, mas também a sua própria salvação. O ponto negativo fica reservado para Costas Mandylor (Hoffman), que apresenta uma capacidade de expressão emocional praticamente nula, empobrecendo assim todas as cenas em que participa.

Esta sequela faz um imenso esforço para se manter consistente com os imensos enredos provenientes dos filmes anteriores. Eu diria que se apresenta como uma espécie de argamassa que tenta preencher buracos que existam em toda a estória. É também feita a junção de diversas linhas temporais através de um processo que esclarece os pontos chave da estória, mas que poderá confundir os espectadores mais desatentos e menos recordados dos acontecimentos herdados dos filmes anteriores.

Embora este filme seja inferior aos seus antecessores, a franchise em si aparenta ter um balão de oxigénio razoavelmente carregado para sobreviver a mais uma etapa, que deverá estrear já no final do presente ano de 2008.

You think you will walk away untested? I promise that my work will continue. That I have ensured. By hearing this tape some will assume that this is over. But I am still among you. You think it's over just because I'm dead? It's not over. The games have just begun.

Pontuação global: 6,8