18 May 2008

(2007) War


Dois agentes especiais do FBI, Jack Crawford e Tom Lone, procuram um assassino profissional conhecido como Rogue e que actualmente trabalha para a Yakuza (máfia japonesa), tendo sido no passado um dos melhores assassinos nos quadros da CIA. Durante uma pequena batalha num cais entre Rogue e um grupo de indivíduos pertencentes à Triade (máfia chinesa), Tom atinge Rogue na face com um disparo quanto este se preparava para matar Jack. Rogue cai à água, o que impede Jack e Tom de terem a oportunidade de se certificarem da sua morte. Dias mais tarde, Tom e a sua família (esposa e filha) são assassinados por Rogue, aparentemente numa medida de retaliação pela intervenção dos agentes na "transacção" que decorria no cais. Jack fica obcecado com a captura de Rogue e dedica todos os seus esforços nesse sentido, pondo de parte a sua própria família.

Três anos após a morte do seu parceiro, Jack atravessa uma fase complicada a nível pessoal, estando divorciado da sua esposa e sem a custódia do seu filho, quando subitamente se depara com provas do reaparecimento de Rogue. Um massacre num clube da Yakuza parece ter sido levado a cabo por este último devido à presença de balas de titânio no local do crime, o tipo exclusivo de balas que Rogue utiliza e que é considerada a assinatura pessoal. A peça que não encaixa no puzzle é o facto de ter morto elementos da Yakuza quando deveria estar a trabalhar para esta organização, sendo levantada a hipótese de estar agora a mando da Triade.

Dá-se início a uma guerra sangrenta entre as duas facções mafiosas em plenas ruas de San Francisco, sendo Rogue o epicentro das várias movimentações de bastidores que estão na base destes confrontos. Entretanto, todas as pessoas associadas de alguma forma a Rogue (um fabricante de balas e dois cirurgiões plásticos responsáveis pela sua reconstrução facial com uma periodicidade de 6 meses) começam a aparecer mortas, o que leva Jack a estar mais determinado do que nunca em capturar o mítico assassino. Para isso, lidera uma equipa de agentes com o objectivo de pôr um fim à existência de Rogue e, se possível, abrandar a expansão das duas organizações mafiosas envolvidas. No entanto, nem todos os intervenientes nesta situação são aquilo que aparentam e muitas surpresas estão reservadas.

"War" é a primeira experiência de Philip G. Atwell na realização de longas metragens e dos argumentistas Lee Anthony Smith e Gregory J. Bradley. A inexperiência destes estreantes transparece claramente no decurso do filme. Penso que o elenco foi consistente quanto baste e ajudou a disfarçar um pouco as várias lacunas da estória. Todavia, tenho que referir os sucessivos plot twists incorporados na fase final do filme. É sempre uma jogada perigosa, dada a consistência que se exige para que este género de construção num argumento resulte em pleno. Desta feita, pareceu-me desnecessário e mal conseguido. As cenas de acção foram relativamente bem coordenadas e encenadas, embora o seu encadeamento seja discutível no sentido de aumentar a tensão para a parte final da estória onde são feitas as já referidas revelações. Eu diria mesmo que a inclusão de algumas delas chega a ser discutível e em nada contribui para o desenrolar da estória, mas como se trata de um filme de acção...

No que diz respeito ao elenco, refiro as duas personagens principais cujo desempenho esteve a cargo de Jason Statham (Jack Crawford) e Jet Li (Rogue), dois actores com um vasto currículo em filmes de acção e que provaram novamente que são muito consistentes no que fazem, tanto na vertente artística como na vertente mais física. São dois homens em excelente forma física que gostam de correr riscos nas cenas que em participam. Num plano um pouco mais secundário, faço também uma referência a dois papéis muito bem entregues a Luis Guzmán (Benny), um agente da Interpol infiltrado no submundo do crime que fornece a Jack informações relativas a Rogue, e Ryo Ishibashi (Shiro Yanagawa), o chefe máximo da Yakuza. O primeiro é um actor versátil que se destaca pela sua capacidade de levar a cabo papéis muito diferentes de uma forma deveras particular, enquanto que o segundo é um veterano do cinema asiático que desempenha o principal papel num dos meus filmes de terror favoritos, "Ôdishon".

O filme fornece ao espectador alguns bons momentos de acção (tiros, pancadaria e perseguições) e mantém um ritmo aceitável, apesar de algumas lacunas na construção da estória e no desenvolvimento das principais personagens. Ajudado por algumas actuações consistentes no contexto do filme que se trata, é uma boa forma de ocupar algum período morto que possa surgir na agenda pessoal.

Hi... I'm a cop. What happened here? Know what I do when I'm not a cop? I play doctor. If I don't get this shrapnel out... it will get infected. I got it. No, it's a bone. Sorry. You want me to go back to my day job... give me something to do!

Pontuação global: 5,7

12 May 2008

(2007) Hitman


Um grupo conhecido apenas como The Organization tem como único objectivo o treino e condicionamento de assassinos profissionais. Não existem provas da sua existência dado todo o secretismo em seu torno, embora haja indícios de ligações com a maioria dos governos mundiais. Os futuros assassinos são seleccionados logo à nascença, com bebés rejeitados e órfãos a serem privilegiados devido ao seu estatuto de indesejados pela sociedade e "descartáveis". Tornam-se especialistas em todos os aspectos da arte de combater e apenas são programados para uma tarefa: matar.

O Inspector Mike Whittier e o adjunto Jenkins, agentes da Interpol, perseguem um indivíduo que crêem ser responsável por centenas de assassinatos profissionais um pouco por todo o mundo. Considerado como o melhor assassino formado pela The Organization, o Agente 47 aceita a tarefa de matar Mikhail Belicoff, o actual presidente da Rússia. Uma súbita mudança na sua orientação política, com uma consequente aproximação ao Ocidente, é do total desagrado de um cliente anónimo que afirma controlar o governo russo e receia perder essa posição face às acções de Belicoff.

Cumprindo a sua missão, o Agente 47 vê-se subitamente no meio de uma conspiração política que o torna num alvo a abater perante o seu envolvimento directo na morte de Belicoff. Uma jovem prostituta chamada Nika Boronina, que é propriedade de Belicoff, é apontada como uma suposta testemunha dos actos do Agente 47 e torna-se um peão no jogo político que se desenrola. Perseguido pela Interpol, pela FSP (polícia secreta russa) e por assassinos da sua organização, o Agente 47 acaba por assumir a responsabilidade pessoal de zelar pelo bem estar de Nika e executa um plano para descobrir a verdade por detrás de Belicoff, o epicentro de toda a conspiração.

"Hitman" é a mais recente adaptação de um jogo de computador ao grande ecrã, tendo sido levada a cabo por Xavier Gens. Esta é apenas a sua segunda longa-metragem, com a sua estreia a ter sido através do interessante Frontière(s). O seu trabalho enquanto realizador é aceitável, com uma ou outra sequência de acção (pequeno destaque para a batalha na estação de comboios) a ser bem conseguida. No entanto, permitiu a inclusão de cenas demasiado artificiais ao nível das actuações dos seus intervenientes. A tecnologia actual permite fazer mais que um take, segundo ouvi dizer... O argumento é fraco e embora haja a tentação em afirmar que não se podia esperar muito mais da adaptação de um jogo cujo objectivo é matar pessoas, a verdade é que a estória original tem alguns elementos interessantes que foram completamente descartados. Creio que se tivessem sido minimamente desenvolvidos e introduzidos no argumento, poderiam ter dado um toque de consistência e um outro ambiente ao filme.

O desempenho global do elenco esteve abaixo de aceitável. Timothy Olyphant (Agente 47) não foi capaz de transmitir na totalidade a aura da personagem que os fãs dos jogos esperavam. A responsabilidade terá que ser repartida entre uma aparente má escolha para o papel e um mau argumento que terá levado Timothy a seguir uma abordagem errada à personagem. Olga Kurylenko (Nika Boronina) não parece ter sido capaz de cumprir aquilo que o seu papel requeria. Uma mulher capturada por um assassino profissional dificilmente se comportaria de uma forma tão alegre e aberta. Dougray Scott (Mike Whittier) pareceu-me ter-se esforçado em demasia para dar um aspecto sério à sua personagem.

O filme pode ser abordado de duas perpectivas: quando comparado com o jogo no qual se baseia e enquanto filme por si só. No que diz respeito ao primeiro ponto, a opinião generalizada parece ser a de os únicos elementos em comum com o jogo serem o nome e o facto de a personagem principal ser um homem careca com um código de barras tatuado na nuca. Um claro desvio na forma de ser da personagem é o principal foco de afastamento entre o jogo e o filme.

Quanto ao segundo ponto, um nível insatisfatório de violência e um ritmo demasiado inconstante para um filme que se diz ser de acção, aliado a um argumento incoerente e desconexo, tornam "Hitman" em mais uma prova que a transição com sucesso do mundo dos jogos de vídeo para o cinema é uma tarefa muito complexa. Tem algum valor em termos de entretenimento, mas pouco mais que isso.

Because that suitcase perfectly holds my Blazer Sniper Rifle, two .45s and a gag for irritating, talkative little girls like yourself. You want me to stop and get it out?

Pontuação global: 5,2