02 September 2008

(2007) Hostel: Part II


Paxton, o único sobrevivente de "Hostel", consegue regressar aos E.U.A., mas vive assombrado pelo medo de ser perseguido e morto pelo clube Elite Hunting, tendo-se recusado inclusivamente a contar à mãe de Josh, o seu melhor amigo falecido na Eslováquia, o paradeiro do seu filho. Os seus receios acabam por se tornar uma realidade ao ser decapitado quando se encontrava em casa da sua namorada. A sua cabeça é entregue ao líder do clube de caça como uma espécie de troféu.

Entretanto, Beth, Whitney e Lorna, três amigas universitárias norte-americanas que se encontram a estudar em Roma, estão de malas feitas em direcção a Praga para disfrutarem de uns dias de algum divertimento. Numa aula de desenho, travam conhecimento com uma das modelos chamada Axelle, reencontrando-a na viagem de comboio para Praga. Esta ganha a confiança do grupo de amigas ao recuperar o iPod que havia sido roubado a Lorna já no interior do comboio, convencendo-as de seguida a acompanhá-la numa curta viagem aos arredores de Bratislava, capital da Eslováquia. As amigas aceitam a sugestão de ficarem uns dias numa pequena e acolhedora vila onde terão a possibilidade de se hospedarem num hostel com acesso aos melhores spas de nascentes de água quente natural de toda a Europa.

Após a chegada das três amigas, os seus passaportes dão entrada no sistema informático do Elite Hunting e dá-se início aos leilões pelo direito de "brincar" com elas. Dois amigos norte-americanos, Stuart e Todd vencem os dois leilões referentes a Beth e Whitney, partindo de imediato em direcção à Eslováquia. Todd demonstra um entusiasmo imenso pela oportunidade que se avizinha, enquanto que Stuart está bastante renitente em assumir a responsabilidade de participar no tipo de divertimento proporcionado pelo clube de caça. Durante um festival local, Lorna abandona a festa com um estranho e desaparece sem deixar qualquer aviso quanto ao seu paradeiro. Logo na manhã seguinte, Beth e Whitney são levadas para o armazém industrial onde toda a "acção" decorre. Mais um conjunto de amigos satisfeitos com umas férias inesquecíveis...

"Hostel, Part II" é apenas a terceira longa-metragem do realizador Eli Roth, que desempenhou o duplo papel de argumentista tal como no seu antecessor, "Hostel". Infelizmente, os erros cometidos ao nível da escrita e direcção no primeiro filme voltaram a marcar presença nesta sequela. Foi agradável constatar o esforço em fornecer mais alguns dados relativamente ao clube de caça, nomeadamente a forma de funcionamento dos leilões (mostrada numa cena que tentou ser cómica, mas que acabou apenas por ser mais uma desenquadrada do ambiente do filme). Outro ponto positivo foi o grau manifestamente inferior de cenas de nudez e relações sexuais, mas também deverá ser dito que se trata de uma consequência directa da mudança de contexto humano (um grupo de raparigas em busca de descanso ao invés de um grupo de rapazes em busca de sexo e drogas).

A estória mantém-se como uma série de acontecimentos interligados de uma forma pouco fluída e algo atabalhoada. Insistiu-se novamente na inclusão de cenas que ultrapassam a linha que divive o credível e o ridículo. O expoente máximo é, sem qualquer dúvida, a cena com a qual termina o filme. No fundo, mais uma tentativa de induzir um pequeno riso na audiência, mas não nos esqueçamos que se deveria tratar de um filme de terror com uma premissa algo assustadora. No entanto, devo referir a que considero ser a melhor cena deste filme. A chegada de Stuart e Todd ao armazém onde se encontram as suas vítimas é muito bem conseguida através da eliminação total do som ambiente, sendo substituído por uma música que tem o dom de reflectir a dicotomia de abordagens bem patente nos dois amigos em relação ao que vai acontecer.

Em relação ao elenco, os principais intervenientes cumpriram com os seus papéis. Embora se tenha verificado um tom de superficialidade na interação entre as personagens, a evolução do estado mental de Beth (Lauren German), Stuart (Roger Bart) e Todd (Richard Burgi) foi algo agradável. No caso de Beth, é demonstrado como o instinto de sobrevivência inerente ao ser humano pode alterar a disposição de uma pessoa e a sua abordagem para com aqueles que colocam em causa o seu bem estar. Quanto a Stuart e Todd, estes representam a clássica dicotomia entre o elemento reservado/receoso e o elemento pomposo/corajoso de uma amizade. No momento de enfrentarem desafios à sua própria existência enquanto seres humanos que fazem parte de uma sociedade, os papéis invertem-se e, após a eliminação do recalcamento emocional, o lado negro do elemento reservado da amizade surge em todo o seu esplendor mórbido.

Como já tinha dado a entender, a quantidade de cenas com o factor tits 'n' ass descresceu relativamente a "Hostel", mas a sua qualidade manteve-se acima da média, sendo Vera Jordanova (Axelle) o seu ponto alto. Embora não tenham mostrado os seus atributos físicos de uma forma explícita, Lauren German (Beth) e Bijou Phillips (Whitney) não passam de todo despercebidas.

A cotação inferior deste filme, comparativamente ao seu antecessor, não significa que seja pior, mas deve-se, acima de tudo, ao facto de ter sido desperdiçada a oportunidade de corrigir os imensos erros anteriormente cometidos. O realizador optou por seguir o mesmo caminho quando outros estavam à sua disposição. O relacionamento emocional com os heróis da estória foi novamente dificultado, apesar de se terem verificado algumas mudanças bem vindas na evolução psicológica de um conjunto específico das personagens principais.

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Pontuação global: 5,2