30 December 2009

(2009) Avatar



Avatar é talvez o filme mais esperado do ano, e possível candidato a um dos melhores filmes da década . Filme completamente em 3D com a assinatura de James Cameron. Mas será que o filme é tudo o que se espera dele?

Antes de começar com a critica propriamente dita, tenho de assinalar que provavelmente o meu texto vai alargar-se mais do que é normal. Simplesmente porque há cenas (sem spoilar) que merecem destaque.

A estória coloca um ex-militar paralisado da cintura para baixo, numa expedição a Pandora. Pandora é um mundo selvagem e inóspito, mas com um minério muito valioso para a Terra, suficiente para financiar a sua extracção e todo o aparato militar necessário para protecção face à fauna e à população nativa os Na'vi. Numa tentativa de estreitar os laços com os indígenas, um grupo de cientistas desenvolveu um mecanismo que permite um humano controlar um corpo alienígena, criado para o efeito. O ex-marine vai substituir o irmão cientista, assassinado duas semanas antes de ser enviado para Pandora, com o objectivo de controlar um desses "avatares".

Desde o início que a premissa do filme nos coloca perante uma facção tecnologicamente superior, sem respeito pelo ambiente e movida pela ganância, perante outra que sempre viveu em harmonia com o ambiente envolvente. Nada disso é original. No final a estória do filme  não desilude, mas também não brilha, sendo tudo muito previsível (clichés).

Mas o ponto forte do filme é a cinematografia, que aproveita muito do 3D. Logo na cena de abertura somos brindados com um espectáculo visual, na podemos ver os tripulantes de uma nave de chegada a Pandora, a serem acordados de um sono criogénico. Esta e todas as cenas onde vemos instrumentos de controlo no filme são deslumbrantes. Destaque também para as primeiras cenas com a floresta como pano de fundo, e para a cena (mais perto do fim) em que as cinzas caiem e espalham-se em redor dos personagens no ecrã. Igualmente fantástico estão as animações completamente fluídas dos exo-esqueletos usados pelos humanos.

Infelizmente, o facto de "querer mostrar o 3D", que nos brinda com cenas fantásticas, têm um efeito negativo no filme, pois abrandam o ritmo da estória. Embora isso não seja necessariamente mau, quando começam as cenas de acção no final do filme, o ritmo acelera descontroladamente, sendo o desenlace particularmente veloz. Esta súbita alteração do ritmo fez-me ficar com a sensação de que as duas horas e meia de filme foram excessivas.

Em relação a tudo o resto, o filme cumpre mas não deslumbra. Pessoalmente gostei do universo criado pelo filme.

Em resumo, estamos perante um filme sólido e sem grandes falhas, com cenas que deslumbram, mas com um ritmo irregular e o restante a cumprir, mas a não ir além disso. Cameron soube tirar grande partido do 3D e expor o que de melhor ele tem, para tentar esconder um filme mediano. Mas este blog foi criado com o objectivo de criticar um filme como um todo. No entanto, embora não seja o mesmo, o filme é um bom filme mesmo sem o 3D, correndo sérios riscos de ficar na história como filme que impulsionou o cinema em 3D.

Uma nota apenas para a classificação final que atribuo ao filme. Esta, tal como todas as notas de todos os críticos de cinema, é influenciada pela pessoa que a está a atribuir. Subi meio ponto à nota pois gostei do ambiente em que o filme se insere.

Nota final: 8,0

22 December 2009

(2006) Blood Diamond


Faço o meu regresso às críticas cinematográficas, com a minha primeira crítica de um filme que não fui ver ao cinema (obrigado Davide por me emprestares o DVD). Trata-se de Blood Diamond, filme nomeado para 5 Oscars incluíndo melhor actor (Leonardo Di Caprio) e melhor actor secundário (Djimon Hounsou).


A estória do filme mostra um homem forçado a garimpar diamantes para um grupo armado na Serra Leoa, que encontra um diamante de grandes dimensões e que tenta ficar com ele. Rapidamente um diverso número outra pessoas sabe do facto e tentam apoderar-se da pedra.


Na verdade a estória é aproveitada para retratar a problemática dos países africanos em constantes guerras civís e em particular o negócio obscuro das empresas de diamantes, que ao comprar diamantes de zonas de conflito acabam por financiar o esforço de guerra. E esse é o grande ponto negativo do filme, que ao querer mostrar um pouco de toda essa problemática, empurra a estória para determinados eventos que a determinado ponto começa a parecer que é tudo forçado, e que estamos perante um documentário de duas horas e não perante um filme de ficção. Lord of War, um filme semelhante nesse aspecto, acaba por conseguir entregar a mensagem muito melhor.


Mas para balancear o desequilíbrio do guião está o bom desempenho dos actores, nomeadamente dos actores acima referidos, que acabam por dominar no filme.


No geral é um filme que me desiludiu, pois esperava muito mais. A tentativa de incluir muita coisa acabou por tornar a estória desinteressante os personagens por vezes a terem comportamentos estranhos, mas bem compensados pela qualidade das actuações. Um filme para ver mas não rever.


Nota final: 6,5