22 January 2008

Movie Snobs: 1 ano de existência!

O dia que agora termina marca o primeiro ano de existência deste blog denominado Movie Snobs. Parece que foi ontem que tive a ideia de criar um blog no qual pudesse partilhar com os amigos as minhas experiências pessoais ao fazer aquilo que mais gosto e que sempre foi uma paixão minha desde muito novo: ver filmes.

O fascínio que tenho pela arte do cinema é algo que, por muito que me esforce, não consigo explicar por intermédio de uma combinação sintacticamente correcta de meras palavras. Um filme é aquilo a que chamo de um objecto mítico. Porque pode oferecer-me o escape que preciso para descontrair após um dia menos bom no emprego, pode levar-me a recordar uma experiência pessoal (quer seja ela positiva ou negativa) que me tenha de alguma forma marcado, pode levar-me a embarcar numa aventura que me veria impossibilitado de saborear de qualquer outra forma, pode assustar-me com criaturas diabólicas e maléficas...

Na sua verdadeira essência, é isto que o cinema exerce sobre mim: poder. O poder de me fazer sorrir, de me fazer chorar de alegria ou tristeza, de tocar em pontos do meu íntimo que apenas partilho com o círculo muito estrito de pessoas que me orgulho de conhecer e que considero a minha família (por laços familiares ou de amizade), de me proporcionar experiências emocionais às quais não teria acesso no contexto social e familiar da vida que levo...

Por me ajudarem a partilhar este vasto conjunto de emoções, deixo os meus sinceros agradecimentos a todos os que, de uma forma ou outra, têm contribuído para o crescimento deste blog. O nosso blog. Apesar de terem vidas profissionais exigentes, todos vocês investem segmentos do vosso tempo pessoal para partilharem pontos de vista relativamente aos filmes a que assistem e mais que isso eu nunca vos poderia pedir. Do fundo do meu coração, muito obrigado. :)

Após um texto emotivo, e antes que comece a chorar, partilho com vocês o meu desejo de que este blog se mantenha activo por muitos e bons anos, continuando a ser um ponto de encontro de um grupo de amigos que gosta de cinema e que quer partilhar esse mesmo gosto com todos os internautas que estejam dispostos a perder algum do seu tempo a ler o que aqui escrevemos.

Num tom ainda mais pessoal, não posso deixar de referir que ter-vos a todos como amigos é um privilégio do qual me orgulho de poder usufruir. Aliando a isto o facto de ter ao meu lado a mulher que amo há tantos anos, terei que terminar este meu pequeno ensaio fazendo minhas as palavras de um velho amigo:

Today, I consider myself the luckiest man on the face of the earth.

13 January 2008

(2007) Ghost Rider


O jovem Johny Blaze e o seu pai, Barton Blaze, são os protagonistas de um espectáculo de acrobacias com motas numa feira ambulante. Quando Johny decide abandonar a sua actual vida profissional para fugir com Roxanne Simpson, a filha de um dos trabalhadores da feira pela qual está loucamente apaixonado, descobre surpreendentemente que o seu pai padece de um cancro em fase terminal. Não querendo abandoná-lo, Johny desiste do seu plano de fuga, mas subitamente é visitado por Mephistopheles, que lhe propõe um simples negócio: a restituição da saúde do seu pai em troca da sua alma.

Johny aceita o acordo e vê-se então livre para retomar o seu plano de fugir com Roxanne. No entanto, durante uma actuação rotineira, o seu pai morre em consequência de um "trágico" acidente. Perante a traição de Mephistopheles, que havia garantido o bem estar do seu pai, decide abandonar a feira ambulante, os seus amigos e a própria Roxanne, afastando-se de tudo o que esteja relacionado com o seu pai. Vários anos mais tarde, Johny é considerado um dos melhores motociclistas do mundo devido às suas perigosas acrobacias e à sua tendência para resistir a acidentes que certamente levariam à morte de qualquer outro ser humano.

No dia em que Johny se prepara para a acrobacia mais arriscada da sua carreira, é confrontado com uma agora adulta Roxanne, que trabalha para uma cadeia de televisão como jornalista. Para além do reencontro com o amor da sua vida, Johny recebe uma nova visita de Mephistopheles, que coloca na mesa um novo negócio: a sua alma ser-lhe-á devolvida caso aceite tornar-se no Ghost Rider (um agente sobrenatural cuja missão é reclamar as almas de seres impuros) e eliminar Blackheart, o próprio filho de Mephistopheles que pretende encontrar um antigo contrato que lhe permitirá possuir mil almas e transformar a terra num literal inferno, destronando o seu pai. Para atingir o seu objectivo, Johny conta com a ajuda de Caretaker, um misterioso homem que trabalha num cemitério e que, para além de não ser aquilo que aparenta, possui um conhecimento profundo de toda a situação na qual Johny se encontra envolvido.

"Ghost Rider" é a segunda experiência do realizador Mark Steven Johnson no mundo das adaptações de comics, logo após o péssimo "Daredevil". Não tendo aprendido a sua lição com este último filme, voltou a cometer os mesmos erros que já haviam humilhado um dos mais conhecidos heróis da Marvel: um argumento repleto de falhas de continuidade, diálogos fraquíssimos, actores mal escolhidos para determinados papéis... Uma lista repleta de fortes indicadores para a possibilidade de o seu futuro nesta carreira não se avizinhar muito promissor. A solução passa inevitavelmente pela sua capacidade de aprender com os seus erros e de se afastar deste género de filmes, tendo já demonstrado inequivocamente que não tem capacidade para os coordenar e dirigir.

Os desempenhos do elenco foram globalmente maus, tendo alguns atingido picos de uma ridicularidade impressionante para um filme do qual se esperaria um padrão mínimo de qualidade. Nicolas Cage (Johny Blaze/Ghost Rider) parece estar apostado a participar apenas em maus filmes nestes últimos anos. É verdadeiramente lamentável que um actor do seu inegável calibre se digne a colaborar em filmes como este, independentemente de o ter feito ou não por puro gozo e diversão. Este filme é um daqueles pontos negros que nenhum actor ou actriz deve ter no currículo.

Quanto ao resto do elenco, Eva Mendes (Roxanne Simpson) mantém a táctica usual de disfarçar a sua gritante falta de talento com uma aparência claramente acima da média. Wes Bentley (Blackheart) foi exagerado e ridículo na sua caracterização do maléfico filho do Diabo que se revolta contra o próprio pai e o tenta destruir, enquanto que Peter Fonda (Mephistopheles), uma referência do cinema, terá sido completamente desaproveitado com uma personagem algo apática. A única nota positiva pertence a Sam Elliott (Caretaker), um bom actor que possui uma vasta experiência e, acima de tudo, é extremamente consistente nos seus desempenhos. Cumpriu muito bem o seu papel e assentou que nem uma luva na personagem que retratou.

Em suma, este filme apenas deve ser visto caso não exista qualquer outra opção disponível. Relativamente aos fãs hardcore dos livros de comics, o visionamento do filme torna-se assim proibitivo, existindo o sério risco de uma revolta popular e a consequente organização de uma caça "à moda antiga" aos responsáveis pela sua exibição.

He may have my soul, but he doesn't have my spirit.

Pontuação global: 4,5