30 April 2007

(2006) The Departed


"The Departed" é o filme mais recente de Martin Scorsese, tendo sido premiado com 4 Oscars da Academia, entre os quais se destacam a consagração como melhor filme do ano e a atribuição da estatueta dourada àquele que é o melhor realizador da actualidade.

No meio da guerra que decorre na cidade de Boston entre a polícia estatal e o crime organizado irlandês, William Costigan, um jovem cadete acabado de sair da Academia de Polícia, é destacado para se infiltrar na organização mafiosa liderada por Frank Costello, com o objectivo de conseguir provas suficientes para colocar este último atrás das grades. Os líderes da unidade de agentes infiltrados são Captain Queenan e Staff Sargeant Dignam, as únicas pessoas que conhecem a verdadeira identidade de William. Em simultâneo, Colin Sullivan, também ele um cadete acabado de se formar, rapidamente sobe na hierarquia policial até ser destacado para uma unidade de investigação especial. Na verdade, Colin está infiltrado na polícia sob as ordens de Costello, com o intuito de ser os olhos e os ouvidos da máfia nas forças da lei.

A intensidade da estória sobe quase vertiginosamente a partir do momento que surgem indícios da existência de "toupeiras" tanto na polícia como na máfia. Colin e William são lentamente consumidos pela vida dupla que levam e, perante o perigo de serem descobertos, são sujeitos a constantes provas à sua capacidade de lidar com a pressão e de esconderem o que são na realidade. A própria lealdade de ambos os infiltrados começa inclusivamente a tornar-se difícil de clarificar com a progressiva adaptação às suas posições sociais.

Relativamente ao elenco, gostaria de enaltecer os seguintes actores:
  • Leonardo DiCaprio é William Costigan, o polícia infiltrado na máfia irlandesa. DiCaprio é absolutamente fantástico e apenas posso especular que a sua nomeação por este papel para o Oscar de Melhor Actor, se me permitem a expressão, "tenha ficado na gaveta" para que um dado papel biográfico pudesse ser galardoado sem qualquer concorrência à altura.

  • Matt Damon é Colin Sullivan, a "toupeira" infiltrada na polícia a mando da máfia irlandesa. O seu desempenho é consistente e adequado à personagem.

  • Jack Nicholson é Frank Costello, o líder da máfia irlandesa. Mais uma vez, não percebo o porquê da sua ausência da lista de nomeados para o Oscar de Melhor Actor Secundário. O seu papel é poderosíssimo. Enfim...

  • Mark Wahlberg é Staff Sargeant Dignam, um polícia duro e sem papas na língua que co-lidera a secção de agentes infiltrados da polícia de Boston. A grande maioria das asneiras proferidas ao longo do filme dizem respeito às falas desta personagem. Até ao dia em que vi este filme, tinha bastantes dúvidas acerca do talento de Wahlberg como actor, sendo que apenas conseguia destacar o papel que havia desempenhado em "Boogie Nights". A verdade é que conseguiu alterar por completo a minha opinião inicial e a sua nomeação para o Oscar de Melhor Actor Secundário foi totalmente merecida. A consistência e realismo que traz ao filme são imprescindíveis para a sua qualidade.

  • Martin Sheen é Captain Queenan, o experiente agente que lidera os agentes infiltrados. Mais um excelente desempenho com a consistência com que já nos habituou a todos.

  • Alec Baldwin é Captain Ellerby, o chefe da secção especial de investigação da polícia de Boston. Baldwin é um grande actor e, com o seu papel neste filme, consegue demonstrar todo o seu talento para desempenhar personagens simultaneamente vulgares e peculiares.

Até ao dia em que vi este filme pela primeira vez, os três melhores filmes de Scorsese eram "Goodfellas", "Taxi Driver" e "Raging Bull". No entanto, e ao contrário do que alguns pseudo-intelectuais que pensam que são críticos de cinema afirmaram, este é o melhor filme de Scorsese até à data. Ultrapassa confortavelmente tanto "Taxi Driver" como "Raging Bull", e vence "Goodfellas" pela ponta de um cabelo. Uma obra de arte! Um hino ao que é o verdadeiro cinema!

Pontuação global: 9,4

27 April 2007

(2005) Pride & Prejudice


"Pride & Prejudice" é a adaptação ao grande écrã de um dos romances mais lidos de sempre e o expoente máximo da carreira literária de Jane Austen. Este magnífico livro (sem dúvida alguma, um dos melhores livros que já tive a ocasião de ler ao longo de toda a minha vida) começa com uma frase sobejamente conhecida e que, para grande pena minha, não é referida no filme:
It is a truth universally acknowledged, that a single man in possession of a good fortune, must be in want of a wife.
A estória gira em torno das cinco filhas da família Bennet, para as quais o casamento é a única carreira possível. A chegada ao seu distrito de residência de dois homens abastados é uma natural causa de excitação e entusiasmo. Mas antes que se possa verificar um final feliz, Mr. Darcy, o herói deste conto, vê-se forçado a conquistar o seu imenso orgulho, enquanto a espirituosa heroína, Elizabeth Bennet, tem que dominar os seus preconceitos para com o herói. Apenas pelo caminho da introspecção as duas personagens principais conseguem atingir um estado de mútua compreensão e encontrar a tão almejada felicidade.

Para aqueles que, como eu, já tiveram a oportunidade de ler o livro, os cortes e ajustes efectuados à estória chegam a poder ser considerados grotescos e privam a audiência de diversos pormenores muito importantes para o seu desenrolar. No entanto, a verdade é que o produto final desta sessão de costura literária é consistente e os que nunca leram o livro verão apenas uma belíssima estória de amor com um princípio, um meio e um fim.

Deborah Moggach fez um bom trabalho no desenvolvimento do screenplay, com o mérito de ter conseguido modernizar um pouco a estória original. Não posso deixar de mencionar a grande actriz que é Emma Thompson, que foi a responsável pela escrita dos diálogos adicionais não presentes no texto original. Embora estes sejam facilmente detectáveis ao longo do filme, encontram-se totalmente integrados no ritmo do filme, não defraudando de forma alguma o espirito da estória, podendo até afirmar que enriquecem o texto original em alguns momentos muito específicos.

Keira Knightley tem um desempenho formidável ao retratar a mítica heroína de Jane Austen, a rebelde Elizabeth Bennet, com a nomeação para o Oscar de Melhor Actriz na cerimónia do passado ano de 2006 a ser totalmente merecida. Matthew Macfadyen deu um toque pessoal àquela que considero a melhor personagem masculina de toda a literatura, o mítico Mr. Fitzwilliam Darcy. Mas seria injusto da minha parte não referir todo o elenco do filme. O processo de casting foi criterioso e todos os actores e actrizes encaixaram que nem uma luva nos seus respectivos papéis.

Não me queixaria absolutamente nada se o filme tivesse uma duração a rondar os 180 minutos, ao invés dos cerca de 130 minutos oficiais, pois fiquei com a clara sensação que o filme apenas teria a ganhar pela introdução de pormenores adicionais que contribuíssem para o desenvolvimento das personagens. Mas a impressão final é que este filme é, de facto, uma adaptação muito bem conseguida do romance em questão, ainda para mais tendo em conta que esta é a primeira longa-metragem realizada por Joe Wright. Uma bela estreia deste jovem realizador de apenas 35 anos.

Pontuação global: 7,5

24 April 2007

Spider-Man 3 faz história

"Spider-Man 3" é o filme mais caro da história do cinema. De acordo com alguns inside reports divulgados, vários factores contribuíram para que tal sucedesse, entre os quais se destacam as reacções menos favoráveis obtidas nas primeiras projecções do filme para audiências seleccionadas. O principal motivo apontado era o de que o filme seria um pouco "parado" e estaria demasiado centrado no desenvolvimento das personagens.

O surpreendente feedback com que a Sony foi confrontada levou a que se procedessem a novas filmagens, obrigando a uma nova injecção de capital no orçamento do filme. Os valores finais que são referidos apontam para um custo total de produção a rondar os US$350.000.000. Se incluirmos os custos associados ao marketing do filme, o valor final será de aproximadamente US$500.000.000.

21 April 2007

(2006) Slither: Slugtastic!


Citizen Kane would have been better if it had slugs from outer-space that turn people into zombies, costumava dizer Orson Welles (é uma citação pouco conhecida). Eu acho que é um truísmo que se aplica a qualquer filme e, em particular, ao filme Slither que, sem essa característica, seria bastante aborrecido.

O filme já tinha sido mencionado (e recomendado) pelo snob fnunes numa antevisão feita no final de Março. A sinopse do Cinecartaz que aí foi usada não é muito correcta. Deixem-me tentar outra:
Um parasita alienígena infecta um tipo, apoderando-se do seu cérebro e transformando-o aos poucos num monstro cujo objectivo é reproduzir-se e capturar mais pessoas. Usando vermes. Muitos.
A estrear-se como realizador de cinema está James Gunn. O argumento é da sua autoria, e a quantidade de gore e sexualidade velada no filme não surpreende se soubermos que Gunn foi argumentista habitual em filmes da indie Troma Entertainment. O filme flui bem, com um bom ritmo, sem nunca se tornar aborrecido.

Gostei do desempenho do elenco principal:
  • Nathan Fillion é o sheriff Bill Pardy. Ele tem que lidar com a crise ainda arranjar tempo para fazer alguns comentários engraçados.
  • Michael Rooker é Grant Grant (sim, duas vezes), o primeiro infectado e, consequentemente, o monstro principal.
  • A bela Elizabeth Banks é Starla Grant. É casada com Grant Grant, que a ama muito. Infelizmente para ela, esse amor continua mesmo após ele se ter tornado num monstro.
  • Gregg Henry (que já deve ter aparecido em milhares de séries de TV) é o mayor Jack MacReady.
  • Tania Saulnier é Kylie Strutemyer, a jovem da banheira que se vê no poster do filme. Bastou essa cena para gostar do desempenho dela.

Apreciação geral: Slither é um misto de terror e humor (terrumor?) que presta uma excelente homenagem aos B-movies sobre invasões alienígenas, estando cheio de referências a grandes clássicos do género. Não deixa de ser um B-movie, mas para quem gosta do género, é bom.

Pontuação global: 7,2 slugs

PS: Tania, quando quiseres tomar um banho sem temer slugs from outer-space, liga-me.

16 April 2007

(2004) Hotel Rwanda


"Hotel Rwanda" é um poderoso filme que retrata a estória de Paul Rusesabagina, um corajoso gerente de hotel que se vê envolvido nos tristes acontecimentos que envolveram o auge da guerra civil no Ruanda no início dos anos 90. O assassinato do presidente do Ruanda serve de motivo para ignorar o tratado de paz assinado poucos dias antes e promovido pela ONU, dando-se início ao genocídio dos cidadãos ruandeses de etnia Tutsi, por parte dos habitantes de etnia Hutu. Mais de um milhão de pessoas foram brutalmente massacradas num período de três meses. Com todos os seus esforços e sacifícios pessoais, Rusesabagina conseguiu salvar 1268 refugiados Tutsi e Hutu, utilizando o hotel que geria como um local de refúgio.

O filme em si padece de um problema inerente à dimensão dos acontecimentos que se propõe a focar. Este pode ser considerado como um conjunto de eventos que se encontram unidos por momentos dramáticos que funcionam como uma espécie de fita-cola cinematográfica. Alguns destes remendos são mais bem sucedidos que outros, mas a qualidade de cada um dos eventos retratados permite ultrapassar este pormenor.

Embora a realização de Terry George seja muito boa, a verdadeira alma deste filme é Don Cheadle com um desempenho fantástico. Conseguiu transmitir-nos a complexidade psicológica da personagem sem qualquer momento menos conseguido. A sua consistência e capacidade de expressão emocional elevou o filme a um nível inquestionável de realismo. Durante a fase de pré-produção do filme, os estúdios interessados queriam actores como Denzel Washington, Wesley Snipes e Will Smith para desempenhar o papel principal.

(NOTA: Will Smith? Por amor de Deus, haja paciência para aturar estes supostos experts dos estúdios. Será que ainda ninguém se apercebeu que este menino não sabe actuar?)

Felizmente, Terry George insistiu com o seu plano inicial de escolher Cheadle para o papel de Paul Rusesabagina e o resultado está à vista de todos. Curiosamente, uma das actuações mais intensas do filme ficou a cargo de Joaquin Phoenix, que desempenhou o papel de um operador de câmara destacado para cobrir os acontecimentos no Ruanda e cujo tempo de antena não ultrapassou aproximadamente 5 minutos. Nick Nolte tem também um papel importantíssimo que traz uma consistência inequívoca a alguns dos momentos mais dramáticos do filme. Embora fosse a única personagem ficcional, esta foi criada com base no oficial canadiano que liderava as forças da paz das Nações Unidas e que, perante a apatia dos seus superiores e indo contra as ordens expressas que tinha, interferiu no conflito da melhor maneira que pode. A angústia e a frustação de estar de mãos atadas perante um genocídio foram muito bem retratadas por Nolte.

De um ponto de vista global, não se pode negar que um tema tão sensível como este poderia ter sido abordado de uma forma menos dramatizada, mas as imagens cruéis e chocantes com que somos confrontados conferem um realismo ao filme que lhe permite ultrapassar quaisquer deficiências que apresente, por muito notórias que sejam. Penso que o filme terá, inclusivamente, conseguido envergonhar alguns dos que poderiam ter evitado os trágicos acontecimentos que se verificaram no Ruanda.

Pontuação global: 8,1

O novo Hulk está escolhido

Mal me sentei em frente ao PC hoje, fui logo confrontado com uma notícia fantástica. Após a escolha de dois grandes actores para desempenhar os papéis de dois dos mais conhecidos heróis de banda desenhada (Christian Bale para o papel de Batman e Robert Downey Jr. para o papel de Iron Man), foi agora a vez de Edward Norton ser seleccionado para desempenhar o papel de Dr. Bruce Banner, a.k.a., The Hulk.

Este fantástico actor dispensa quaisquer apresentações e estou agora verdadeiramente esperançado que "The Incredible Hulk" venha a ser um bom filme. Uma outra notícia que parece também ela estar praticamente confirmada é que este filme não será uma sequela do filme lançado em 2003, mas sim um novo início para a saga. O objectivo parece mesmo ser esquecer por completo o filme de Ang Lee, que foi um enorme fracasso de bilheteira, tendo em conta o orçamento monstruoso utilizado (US$120.000.000).

13 April 2007

Iron Man: primeira imagem oficial

Foi divulgada a primeira oficial do Iron Man equipado com a sua armadura cinzenta. Esta é a sua armadura original, tendo sido criada com base numa placa peitoral de ferro cujo objectivo era impedir que os estilhaços presentes no tronco de Tony Stark atingissem o seu coração. Sigam este link. O seu design é muito bom e consegue cumprir o seu objectivo, que é o de transmitir a imagem de algo produzido com base em restos de metal (realço os pormenores do que aparenta ser um lança-chamas no braço direito, a luz no centro do tronco e um número de série, possivelmente indicativo da fase de produção da armadura).

Tendo em conta que esta imagem nos chega sem qualquer tipo de contextualização, parece-me provável que seja o primeiro protótipo construído por Stark e que a sua utilização esteja confinada à primeira metade do filme. A transição para a clássica armadura vermelha e amarela será incontornável. Para os mais curiosos, deixo três links onde podem obter mais informações acerca do Iron Man, inclusivamente um historial de todas as armaduras utilizadas pela personagem:

12 April 2007

Transformers: novas imagens

Há novas imagens do mais recente filme dos Transformers. Sigam este link. Se querem a minha opinião, parece que estes robots sairam directamente do ferro velho.

Indie Lisboa 2007

De 19 a 29 de Abril vai realizar-se o 4º festival de cinema indie em Lisboa. Todos os dias serão exibidas películas menos conhecidas do grande público mas de elevada qualidade. O Indie Lisboa conta também com a exibição de curtas metragens. Os preços são convidativo e a localização das salas aderentes é bastante boa. Para mais informações consultem o site.

Antevisão 2007-04-12

Iklimler


Um filme turco que poucos devem ter ouvido falar mas que ganhou um prémio em Cannes e esteve nomeado para a Palma de Ouro desse mesmo festival, que no fundo conta a estória de 2 pessoas em busca da felicidade pessoal. Apenas estando em exibição numa sala de cinema em todo o país, apenas quem puder deslocar-se a Lisboa poderá assistir a esta película, que não deve atrair muitas pessoas.



Perfect Stranger


O único filme da semana com estreia mundial para esta semana. Trata-se da estória de uma repórter que decide infiltrar-se na vida de um homem que pensa que pode ter alguma relação com o assassinato de uma amiga. Embora conte com dois nomes sonantes para os papeis principais, o ratting no Rotten Tomatoes é bastante baixo, o que me leva a pensar que o filme vive principalmente do elenco.



The Last Kiss


Michael está a um mês do seu 30.º aniversário e tem tudo o que sempre quis. Mas ao ser confrontado com a gravidez da namorada Jenna, começa logo a alucinar com um casamento que possa vir a tornar-se numa pena perpétua de obrigações. Quando conhece Kim, uma estudante sensual que representa toda a espontaneidade que ele perdeu, acaba por passar dos limites e beija-a. Mas Jenna descobre a verdade e assim começa a guerra dos sexos.É assim que começa a sinopse no cinecartaz. O remake do filme italiano L' Ultimo Bacio, que não consegue ter o mesmo nível de qualidade que o original, embora também não pareça um mau filme.



Shooter


Neste filme, um sniper profissional é contratado para fazer um trabalho. Mas esse trabalho era na verdade uma armadilha. É mais um filme de acção que não consegue superar o brilhante 300 estreado a semana passada.



Sunshine


Neste filme britânico, o Sol está a morrer, e uma equipa de astronautas é enviada ao Sol com a missão de reacendê-lo. Mas quando a nave recebe uma mensagem da tripulação da nave que tinha desaparecido anos antes, as coisas começam a correr mal. Embora a morte solar nos próximos anos seja algo cientificamente irreal, esse facto parece tomar uma importância secundária para o filme, pois este parece ser um thriller espacial que poderá ter qualidade.



The Number 23


Este drama contamos a estória de um homem que vive obcecado com o número 23. Os trailers que vi parecem interessantes, mas a estória não me apela. A parecença de Jim Carrey pode levar pessoas a irem ver este filme, que apresenta um ratting extremamente baixo no Rotten Tomatoes.



Die Wolke


Este filme vem incrementar o número de filmes alemães a estrearem esta semana. Este conta-nos a estória de amor de dois jovens que tentam escapar a uma zona que foi contaminada por uma nuvem nuclear. Com apenas 1 sala no Porto, 2 em Lisboa e 1 em Coimbra a exibirem este filme fazem antever uma fraca adesão de um dos melhores filmes a estrear esta semana.




Resumo:


Duas estreias sonantes, Perfect Stranger e Shooter, duas obscuras, Iklimer e Die Wolke, e três medianas preenchem o cartaz de novidades desta semana, que corre o risco de viver na sombra do 300. Aqueles que correm atrás das novidades podem não encontrar um filme suficientemente apelativo esta semana.

11 April 2007

(2006) 300: Μολὼν λαβέ

Após a Sin City mais um dos comics de Frank Miller tem uma adaptação ao grande écran. Desta vez 300, inspirado na história real de 300 espartanos que juntamente com cerca de 10 000 soldados gregos travam o avanço de pelo menos 150 000 persas em direcção à Grécia.


O inicio da estória começa com mensageiros persas a chegarem à cidade de Esparta com um ultimato, e logo aí se percebe que estamos perante um filme de acção. As cenas de acção casam bem com o grafismo do filme, mas parecem exageradas, assim como a caracterização dos persas e as bestas (rinocerontes e elefantes) que lançaram contra os gregos. Xerxes também se apresenta algo exagerado, sendo um homem bastante alto que se apresenta como um deus. No entanto o exagero é justificado pelo facto da estória do filme estar a ser contada por um espartano, momentos antes do inicio da batalha de Platea, na qual os gregos, liderados por um espartano destruíram os persas que ainda se encontravam em território grego após a destruição da frota naval persa.


Embora seja o filme seja rico em cenas de acção, o argumento é bom e a estória está bem contada, estando presente as mais famosas frases da batalha (lutamos às escuras, venham buscá-las e tomem um bom pequeno almoço, pois esta noite jantamos no inferno). Na maior parte do filme, o paralelo à realidade pode ser traçado: a tempestade que destruiu parte da força naval persa, atrasando o seu avanço, o ataque frontal inicial que foi dizimado pelos espartanos, a supremacia das técnicas de combate e equipamento espartanos, o lambda no seus escudos, o ataque dos imortais após as forças convencionais não terem tido sucesso, o traidor que informa Xerxes de uma passagem que permite que os persas cerquem os gregos, o desgaste do equipamento espartano no último dia de batalha.


De um ponto de vista geral, o filme está muito bem conseguido e entretém. O ritmo está bastante bom, graficamente genial e argumento bem implementado. Perante o material que tinha, o realizador criou um bom filme.


Pontuação global: 8,5

05 April 2007

Antevisão 2007-04-05

The Namesake


A estória de uma família indiana que se muda para os Estados Unidos. O seu filho nasce por terras americanas, e à medida que vai crescendo vai abandonando as suas raízes. A estória parece interessante e diferente do que tem estreado ultimamente. Deve valer a pena o preço do bilhete.



300


Baseado nos comics de Frank Miller, 300 conta-nos a estória de 300 espartanos cuja missão era travar o imenso exército Persa. Conheço os factos históricos, mas não li os comics. De qualquer maneira espera-se um filme bastante bom pelos resultados que obteve nas salas americanas, embora os críticos não tenham uma opinião tão elevada. Recomendado!



Inland Empire


“A história de um mistério… Um mistério por dentro de Mundos dentro de mundos… Desdobrando-se à volta de Uma mulher… Uma mulher apaixonada E em apuros…”. É esta a sinopse do 7arte. Sei pouco sobre este filme, mas o leque de actores, o realizador e o prémio que ganhou no festival de Veneza, leva-me a crer que se trata de um bom filme.



The Hitcher


Trata-se de um remake do filme de 1986 com o mesmo nome, filme que ganhou três prémios. Não parece que o novo filme supere o primeiro ou sequer que seja um bom filme. Eu ficaria-me pelo original, mas para quem não o viu, e ache apelativo a ideia de um pendura misterioso, este filme é uma opção.



Silent Hill


Uma adaptação do videojogo com o mesmo nome, cuja estreia peca por tardia. Ao contrário de outras adaptações, este filme parece estar decente, embora o seu ratting no Rotten Tomatoes seja baixo. Nota muito negativa para o título em português.



Dot.com


“A história de Águas Altas, uma pequena aldeia no interior de Portugal que subitamente se torna num caso nacional quando uma multinacional espanhola pressiona os aldeões para fechar o site da aldeia, precisamente o mesmo nome de uma marca de águas que os espanhóis querem lançar no mercado. A partir daí gera-se uma grande divisão na aldeia: há quem queira manter o site para garantir a soberania nacional, mas há também quem queira tirar partido de uma possível compensação financeira.” É este o inicio da sinopse do 7arte, de um filme de humor português que talvez seja interessante.



Resumo:


Uma semana com estreias de qualidade aceitável, mas pouco conhecidas, excepção feita ao 300. No entanto, a maioria das estreias podem justificar o preço do bilhete. Agora, desculpem-me mas tenho de ir comprar o meu bilhete para o 300. Esperem um review em breve!

04 April 2007

David Lynch no Santiago Alquimista, 5 de Abril.

Que tal uma noite cinematográfica que não inclui ver um filme? No mesmo dia em que estreia Inland Empire, o Santiago Alquimista propõe uma viagem musical e teatral ao universo do realizador David Lynch. A mim parece-me muitíssimo bem! Mais informações aqui.

02 April 2007

(2006) Casino Royale


"Casino Royale" marca o regresso ao grande écrã do agente secreto 007 e retrata o ponto de partida de James Bond como agente do MI6. O filme começa com Bond a levar a cabo dois assassinatos profissionais, o que lhe permite obter o estatuto de agente 00 com licença para matar.

Ao contrário de um erro comum cometido na grande maioria dos filmes de Bond feitos até hoje, "Casino Royale" capta a verdadeira essência do agente 007, tal como descrita por Ian Fleming nos seus livros: um assassino inteligente, violento, obstinado e frio. De acordo com a própria M, Bond é um "blunt instrument".

A sua primeira missão leva-o a Madagascar, onde deveria manter sob constante observação um bombista mercenário ligado a uma célula terrorista. Quando as coisas não correm como planeado, e após um voto de desconfiança por parte de M, Bond decide prosseguir as investigações por conta própria. Nas Bahamas, ele encontra Alex Dimitrios, um homem ligado ao crime organizado que está associado ao 'nemesis' de Bond neste filme: Le Chiffre, um banqueiro corrupto que financia as grandes organizações terroristas internacionais.

Le Chiffre vê-se obrigado a organizar um jogo de 'high-stakes poker' no Casino Royale, em Montenegro, quando Bond o leva a perder na Bolsa o dinheiro que lhe havia sido dado por um grupo terrorista do Uganda. O objectivo do jogo é recuperar o dinheiro perdido e restabelecer a sua reputação perante as organizações cujo dinheiro gere, evitando simultaneamente perseguições vingativas ao seu próprio grupo.

Sendo Bond o melhor jogador de 'poker' de entre todos os agentes do MI6, a sua participação no torneio do Casino Royale é assegurada pelos serviços secretos britânicos, sabendo perfeitamente que impedir Le Chiffre de vencer o torneio significa o fim da sua organização.

O interesse amoroso de Bond é Vesper Lynd, uma agente do governo britânico cuja responsabilidade é controlar o dinheiro investido na participação no torneio. Esta personagem será extremamente importante para a evolução da personalidade de Bond, não só como agente secreto e assassino profissional, mas também como ser humano.

Este é, muito provavelmente, o melhor filme de James Bond feito até hoje. A cinematografia é de elevada qualidade, sobretudo a sequência inicial que, ao ser filmada a preto e branco, fez sobressair a brutalidade das duas primeiras mortes oficiais de Bond e desperta no espectador um sentimento de ansiedade e expectativa relativamente ao que está para vir.

Quanto ao argumento, finalmente ficaram para trás os planos ridículos para conquistar o mundo e um lote infindável de personagens menos credíveis que em nada abonavam para a credibilidade dos filmes. Nota-se claramente o toque de Midas de Paul Haggis no argumento, pois do que conheço da estória original, pareceu-me que a sua adaptação à realidade contemporânea foi extremamente suave e muito bem conseguida.

Martin Campbell realizou o seu segundo filme de James Bond, tendo o primeiro sido "GoldenEye", o único filme que se pode classificar como bom da era Pierce Brosnan. O trabalho que desenvolveu neste filme foi excelente e começa-me a parecer ser a escolha óbvia para realizar o próximo filme, com estreia marcada para 2008.

Daniel Craig foi uma fantástica surpresa no desempenho do papel do impiedoso James Bond. De todos os actores que levaram esta personagem ao grande écrã até hoje, o meu favorito sempre foi (e continua a ser) Sean Connery, seguido de Timothy Dalton. Com este desempenho fabuloso, Daniel Craig saltou directamente para a segunda posição da minha lista pessoal e, após mais um ou dois filmes com a mesma qualidade de "Casino Royale", facilmente chegará ao primeiro lugar. Que os fãs de James Bond não tenham ilusões: Daniel Craig é o homem perfeito para o papel e está para ficar!

O desempenho de Eva Green, no papel de Vesper Lynd, deixou algo a desejar, faltando-lhe um toque de carisma para desempenhar uma personagem principal num filme desta magnitude. Não posso deixar de destacar a excelente actuação de Mads Mikkelsen, que retratou quase na perfeição o vilão Le Chiffre. Esteve ao nível de Daniel Craig e espero ter a oportunidade de o ver em breve noutros filmes.

Não posso esconder alguma desilusão com a música escolhida para o filme. Embora relativamente agradável, não chega sequer aos calcanhares de músicas como "GoldenEye" (Tina Turner) e "A View To a Kill" (Duran Duran). Não há dúvida que destas já não se fazem... ou, pelo menos, já ninguém se dá ao trabalho de as fazer.

Pontuação global: 7,7