27 April 2007

(2005) Pride & Prejudice


"Pride & Prejudice" é a adaptação ao grande écrã de um dos romances mais lidos de sempre e o expoente máximo da carreira literária de Jane Austen. Este magnífico livro (sem dúvida alguma, um dos melhores livros que já tive a ocasião de ler ao longo de toda a minha vida) começa com uma frase sobejamente conhecida e que, para grande pena minha, não é referida no filme:
It is a truth universally acknowledged, that a single man in possession of a good fortune, must be in want of a wife.
A estória gira em torno das cinco filhas da família Bennet, para as quais o casamento é a única carreira possível. A chegada ao seu distrito de residência de dois homens abastados é uma natural causa de excitação e entusiasmo. Mas antes que se possa verificar um final feliz, Mr. Darcy, o herói deste conto, vê-se forçado a conquistar o seu imenso orgulho, enquanto a espirituosa heroína, Elizabeth Bennet, tem que dominar os seus preconceitos para com o herói. Apenas pelo caminho da introspecção as duas personagens principais conseguem atingir um estado de mútua compreensão e encontrar a tão almejada felicidade.

Para aqueles que, como eu, já tiveram a oportunidade de ler o livro, os cortes e ajustes efectuados à estória chegam a poder ser considerados grotescos e privam a audiência de diversos pormenores muito importantes para o seu desenrolar. No entanto, a verdade é que o produto final desta sessão de costura literária é consistente e os que nunca leram o livro verão apenas uma belíssima estória de amor com um princípio, um meio e um fim.

Deborah Moggach fez um bom trabalho no desenvolvimento do screenplay, com o mérito de ter conseguido modernizar um pouco a estória original. Não posso deixar de mencionar a grande actriz que é Emma Thompson, que foi a responsável pela escrita dos diálogos adicionais não presentes no texto original. Embora estes sejam facilmente detectáveis ao longo do filme, encontram-se totalmente integrados no ritmo do filme, não defraudando de forma alguma o espirito da estória, podendo até afirmar que enriquecem o texto original em alguns momentos muito específicos.

Keira Knightley tem um desempenho formidável ao retratar a mítica heroína de Jane Austen, a rebelde Elizabeth Bennet, com a nomeação para o Oscar de Melhor Actriz na cerimónia do passado ano de 2006 a ser totalmente merecida. Matthew Macfadyen deu um toque pessoal àquela que considero a melhor personagem masculina de toda a literatura, o mítico Mr. Fitzwilliam Darcy. Mas seria injusto da minha parte não referir todo o elenco do filme. O processo de casting foi criterioso e todos os actores e actrizes encaixaram que nem uma luva nos seus respectivos papéis.

Não me queixaria absolutamente nada se o filme tivesse uma duração a rondar os 180 minutos, ao invés dos cerca de 130 minutos oficiais, pois fiquei com a clara sensação que o filme apenas teria a ganhar pela introdução de pormenores adicionais que contribuíssem para o desenvolvimento das personagens. Mas a impressão final é que este filme é, de facto, uma adaptação muito bem conseguida do romance em questão, ainda para mais tendo em conta que esta é a primeira longa-metragem realizada por Joe Wright. Uma bela estreia deste jovem realizador de apenas 35 anos.

Pontuação global: 7,5

4 comments:

Silver M!C. said...

Thumbs up! Este é para aqueles que já não podem ver a Keira no meio de Piratas. E a melhor cena com chuva dos últimos anos? ;)

Anonymous said...

@slip-thievery corp.
A cena com chuva, embora muito boa, é uma das alterações à estória original que referi (neste caso, relativamente positiva). No livro, o diálogo é praticamente igual, mas o contexto muda radicalmente, visto que o Mr. Darcy e a Miss Bennet estão dentro de casa. :)

Nesse caso, a única hipótese que a chuva tem de ser protagonista é bater nas janelas. :P (se bem me lembro, no livro nem sequer está a chover enquanto a cena em questão decorre)

Anonymous said...

Eu amo o filme estrelado pela keira knightley,donald sutherland,rosamund pike e mathew macfaiden em geral e também me apaixonei pelo livro e sinceramente eu indico ORGULHO &PRECONCEITO E com toda a razao esse belo filme tem uma bela trilha pela qual eu escuto todos os dias e um cenario maravilhoso que eu gostaria de morar.

Anonymous said...

Portugal ainda não atingiu o estado de ter famílias executadas sumariamente por assaltantes, massacres escolares, vagabundos, taxistas ou camionistas regados com gasolina, snippers praticando alvo em agentes da autoridade, grávidas enforcadas ou esvisceradas, cadáveres marcados com suásticas abandonados na via pública, membros humanos pendurados em casas-de-banho de estações de serviço, bares ou discotecas, crianças nuas a boiar nos rios amarradas a troncos ou viaturas regadas com sangue do proprietário... Ainda há um longo percurso em vista na malha nacional!