09 June 2007

(1997) Cop Land


"Cop Land" gira em torno de Freddy Heflin, o xerife da pequena cidade de Garrison em New Jersey. Heflin é uma espécie de herói local por ter salvo a vida de uma mulher cujo carro caiu de uma ponte e se afundou num rio. Durante o salvamento, perdeu por completo a audição no seu ouvido direito, deitando por terra o sonho que tinha de ser um agente da polícia de New York, não conseguindo sequer um emprego de secretária nesta instituição.

Dada a sua personalidade afável e o seu estatuto de herói, conseguiu um emprego que veio, de certa forma, minimizar a desolação de se ver impossibilitado de atingir o seu principal objectivo na vida. O seu trabalho cinge-se a tarefas insignificantes, dado que a população de Garrison é quase na sua totalidade constituída por polícias da cidade vizinha de New York. No entanto, esta comunidade foi construída através do estabelecimento de ligações entre os agentes da polícia que a fundaram e a máfia nova-iorquina.

Tudo corre dento da normalidade até ao dia em que Murray 'Superboy' Babitch, um agente da polícia de New York no regresso a Garrison vindo de uma despedida de solteiro, se vê envolvido numa disputa rodoviária, em plena ponte George Washington, provocada por dois jovens negros, aquando por os atingir mortalmente após o que lhe pareceu ter sido um tiro disparado sobre o seu carro.

A série de eventos desencadeados após o sucedido é investigada por Moe Tilden, um agente da secção de Assuntos Internos da polícia de New York que encara esta situação como uma lufada de ar fresco na investigação que já conduzia há muitos anos relativamente a polícias corruptos residentes em Garrison, liderados por Ray Donlan, o tio de Murray.

Sylvester Stallone (Freddy Heflin) tem claramente, neste filme, o melhor desempenho de toda a sua já longa carreira. Curiosamente (ou talvez não...), foi necessário afastar-se do seu estilo habitual de filmes para atingir um nível de actuação que considero significativo e quase cativante. Robert De Niro (Moe Tilden) apresenta-se com um papel fortíssimo que me pareceu ter sido demasiado curto, não só devido ao impacto que teve nas cenas em que participou (o estilo rude e directo a que o magnífico De Niro já nos habituou), como também pela importância que a personagem que desempenha tem no desenvolvimento de toda a estória contada.

Harvey Keitel (Ray Donlan) é o fundador da comunidade policial em Garrison e traz uma enorme solidez a uma personagem que, acima de tudo, representa a velha questão de os fins justificarem os meios, tendo tomado decisões que o tornaram num polícia corrupto que é adorado por uns e odiado por outros com a mesma intensidade. Ray Liotta é Gary Figgis, um dos primeiros polícias a estabelecer a sua residência em Garrison e aquele que tem uma relação mais próxima com Heflin, podendo mesmo dizer-se que será a única personagem a revelar algum respeito e a ter o que se poderá apelidar de amizade com este último.

O principal defeito do filme diz respeito ao seu argumento, pois, embora esteja muito bem escrito, a estória retratada é algo curta e bastante previsível. Uma consequência deste aspecto é a presença de flutuações de ritmo constantes que salientam em demasia as ligações entre os diversos segmentos da estória. No entanto, James Mangold soube rodear-se de um elenco excelente que conduziu este filme do início ao fim de uma forma quase impecável, contribuíndo em muito para a diluição dos defeitos previamente abordados.

Pontuação global: 7,4

1 comment:

Scissorhands said...

Este é um exemplo da importancia de um bom casting. A boa performance do nosso amigo Stallone deve-se acima de tudo a ter-lhe sido atribuido um papel muito apropriado à sua personalidade e à imagem que já criámos dele e não tanto a um golpe de inspiração do actor. Quanto menos versatil for o actor mais importante é dar-lhe o papel certo. Levado ao extremo convém dar-lhe um papel em que ele faça de ele mesmo. Se um dia for feito um filme sobre um culturista austríaco ligeiramente bronco a viver nos estados unidos quem será a melhor escolha para desempenhar o papel: Robert de Niro ou Arnold Schwarzenegger? Actores bons há poucos e versáteis infelizmente há ainda menos. Felizmente para Hollywood, onde se investe pouco no trabalho de actor, um bom casting pode fazer maravilhas.