19 June 2007

(2005) Saw II


A carreira pouco ortodoxa de Jigsaw, e os jogos simultaneamente mórbidos e brilhantes que dela fazem parte, continua a ser retratada em "Saw II", que marca a estreia de Darren Lynn Bousman no campo das longas-metragens e o início de uma já longa associação que apenas terminará com a estreia da parte final desta franchise.

Um informador de Eric Matthews, um detective da polícia, morre devido ao seu envolvimento forçado num dos jogos de Jigsaw, que deixa propositadamente no local do crime pistas que permitem a determinação da sua localização de uma forma relativamente fácil. Uma equipa de intervenção da polícia, da qual Eric faz parte, toma de assalto o esconderijo de Jigsaw e, após terem o controlo da situação, são confrontados com a revelação dos primeiros indícios do já conhecido jogo principal.

O filho de Eric, o jovem Daniel Matthews, encontra-se preso num local desconhecido juntamente com sete outras pessoas, com um total de quatro homens e quatro mulheres. A porta de saída deste local será aberta no espaço de três horas, mas este grupo de pessoas apenas tem duas horas de vida, dado que se encontram a inalar um gás nervoso letal desde o momento em que foram colocados no dito local. Todas as doses do respectivo antídoto apenas estão ao alcance dos que conseguirem superar as sucessivas surpresas preparadas por Jigsaw para os seus peões neste interessantíssimo jogo de xadrez. E que surpresas...

Entretanto, Eric assiste dolorosamente aos acontecimentos que se vão desenrolando no esconderijo e vê-se forçado a participar nos jogos psicológicos a que Jigsaw o sujeita com o único objectivo de reaver o seu filho. Amanda, a única sobrevivente à data dos jogos de Jigsaw, faz parte do grupo colocado no dito local e, como já tinha referido na review do primeiro filme, irá desempenhar um papel fundamental em todo o processo retratado no filme.

Donnie Wahlberg (Eric Matthews), irmão mais velho do intenso Mark Wahlberg, tem um excelente desempenho ao retratar um polícia que recorre a todos os meios necessários para colocar criminosos atrás das grades e que se encontra emocionalmente instável devido ao processo de divórcio que atravessa e à má relação que mantém com o seu filho Daniel. Embora adoptando um estilo um pouco diferente do seu irmão, Donnie parece estar a transformar-se num actor com as características necessárias para a representação de personagens complexas e compostas por várias camadas emocionais.

Em contraste absoluto surge Erik Knudsen (Daniel Matthews), que tem um papel extremamente discreto. Eu diria que foi discreto ao ponto de, em determinadas secções do filme, nem sequer darmos pela presença dele... Com as excepções que se seguem, o restante elenco limitou-se a cumprir o que lhe foi pedido, não havendo lugar a qualquer destaque especial.

Tobin Bell (Jigsaw) é espantoso, conseguindo transmitir na perfeição a natureza calculista e cínica, a perversidade moral e a intensidade intelectual que caracterizam esta personagem. A sua escolha para este papel foi simplesmente genial. Não posso deixar de referir as muito atraentes Dina Meyer (Kerry) e Shawnee Smith (Amanda). Esta última destaca-se também pelo seu papel fortíssimo que sobressai facilmente num autêntico marasmo de talento do restante elenco, ressalvando as referências positivas que tive a oportunidade de fazer nos parágrafos anteriores.

A situação retratada neste filme pareceu-me ser menos interessante que a que havia sido apresentada no seu predecessor e terá sempre que ser tido em conta algum desvanecimento do choque inicial provocado pelos métodos a que Jigsaw recorre. No entanto, as várias surpresas que aguardam os espectadores são deliciosas e a tremenda simplicidade com que nos são mostradas ao longo do filme (embora sempre sob um disfarce bem pensado) providencia um sentimento de satisfação quanto se atinge o seu final.

Pontuação global: 7,2

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