07 July 2007

(1975) The Rocky Horror Picture Show


Um segmento inicial suportado uma música brilhante marca o ritmo de The Rocky Horror Picture Show, uma adaptação cinematográfica, realizada por Jim Sharman, do fantástico musical "The Rocky Horror Show", escrito por Richard O'Brien. A peça em palco foi um êxito durante muitos anos, enquanto que o filme apenas obteve o seu devido reconhecimento alguns anos após a sua estreia, possuíndo hoje em dia o estatuto de filme de culto.

A estória começa com um pedido de noivado feito por Brad Majors à sua amada, a bela Janet Weiss, e a decisão de ambos visitarem Dr. Everett Von Scott, o homem responsável por se terem conhecido. No entanto, o casal vê-se subitamente perdido e o carro onde viajavam sofre uma avaria, sendo forçados, no meio de uma noite de chuva, a procurar ajuda num castelo sombrio e assustador. O seu dono é o bizarro Dr. Frank-N-Furter, um cientista louco que, juntamente com os seus ajudantes Riff Raff, Magenta e Columbia, está a organizar uma conferência pouco ortodoxa onde se prepara para proclamar ter dominado o mistério da vida e apresentar a sua última criação: um humanóide chamado Rocky Horror moldado à imagem de Adónis.

O jovem casal é confrontado com uma noite de loucura e repleta de emoções à flor da pele, onde é praticamente impossível prever o que se segue. A estória é contada por uma personagem apenas conhecida por The Criminologist, um narrador omnisciente que, na segurança e aparente formalidade do seu gabinete, retrata os acontecimentos que marcaram esta experiência única nas vidas dos jovens Brad e Janet. Nem todos os intervenientes são o que aparentam e algumas surpresas estão reservadas para aqueles que menos as esperam.

Barry Bostwick (Brad Majors) e uma deliciosamente jovem Susan Sarandon (Janet Weiss) são o casal de heróis desta estória. Ambos desempenham os seus papéis muito bem e apenas posso lamentar alguma falta de capacidade musical por parte de Bostwick para que pudesse realmente ter agarrado o papel com unhas e dentes. Para os fãs de Sarandon, penso que cerca de uma hora em roupa interior será motivo suficiente para que dêem uma oportunidade a este filme.

Richard O'Brien (Riff Raff), Patricia Quinn (Magenta) e Nell Campbell (Columbia) compõem o trio multifacetado de ajudantes pessoais de Frank-N-Furter e, num competo geral, têm uma óptima actuação. Não posso deixar de mencionar a capacidade criativa de O'Brien que foi capaz de criar uma estória original e simultaneamente bizarra e muito engraçada que é suportada por uma banda sonora excelente.

Peter Hinwood (Rocky Horror) é claramente o ponto fraco do elenco. A sua escolha para desempenhar este papel parece apenas ter tido em conta o físico que ostentava na altura, não tendo sido ponderado o "pequeno" pormenor de não possuir qualquer talento musical e teatral. Aliás, de todos os actores principais, foi o único que não cantou as canções em que participou.

Uma breve referência para Meat Loaf (Eddie), que desempenha um pequeno papel com o qual consegue facilmente demonstrar que é o único cantor a sério em todo o elenco, recorrendo à sua poderosa voz para dar vida a uma personagem que esclarece as motivações de Frank-N-Furter.

Todavia, o ponto alto de todo o elenco é, sem qualquer dúvida, Tim Curry (Dr. Frank-N-Furter), que retrata de uma forma deliciosamente fabulosa o excêntrico cientista que pretende dominar o segredo da vida e criar seres vivos que sirvam os seus propósitos pessoais. Curry é um actor que eu sempre admirei e cuja carreira foi, na sua grande maioria, baseada no desempenho de vilões com um requinte que lhe deram a reputação de especialista nesta área específica. Inclusivamente, o seu talento excepcional para fazer vozes em filmes de animação já lhe valeu algumas nomeações para prémios. Quem é capaz de se esquecer de Pennywise, o palhaço maléfico de It? Ainda hoje sou assombrado por essa actuação fantástica!

O principal problema do filme reside em alguma falta de ligação entre os diversos segmentos, ou actos, que constituem o argumento. Estas transições não são exactamente suaves e, pese embora o facto de se tratar de uma adaptação de um musical de palco, poderiam ter sido enriquecidas sem que se perdesse de vista o espírito do filme. A banda sonora do filme é simplesmente excelente, tanto ao nível das letras como do ritmo em si, com algumas das músicas apresentadas a revelarem-se êxitos instantâneos.

"I'm just a sweet Transvestite from Transsexual Transylvania..."

Pontuação global: 7,4

8 comments:

Silver M!C. said...

Chegaste a ler o livro do It?

Silver M!C. said...

Já agora: não vi o filme mas gostei bastante da crítica, mesmo sem ser fã da querida Susan :p

Anonymous said...

Sim, li o livro. Tal como a grande maioria dos livros do Stephen King, é excelente. :)

O filme é uma adaptação razoável. O Tim Curry foi o único actor que correspondeu à imagem mental que tinha formado quando li o livro.

Quanto à Susan, eu tenho "mixed feelings" em relação a ela. É um daqueles casos em que acho uma mulher atraente, mas não o suficiente para pensar mais que 5 minutos consecutivos nela. :P

Scissorhands said...

Stephen King só há um, é o Misery e mais nenhum!!

Silver M!C. said...

coincidência: esse é o livro q tenho lá em casa. tenho de tirar-lhe o pó e dar-lhe uso.

Anonymous said...

Sei que corro o risco de parecer um disco riscado, mas o Misery é, também ele, excelente. :)

JSilva said...

Se alguma vez quiserem ver um musical com travestis, terror, bissexualidade, algum canibalismo e potencial incesto, este filme é o ideal.

Mais uma coisa: Depois de ver o Dr. Frank-N-Furter, o Pennywise já não me assusta.

Dammit, Janet!

JSilva said...

Outro comentário, apenas para notar que deveria ser "Sweet Transvestite from Transsexual, Transylvania". A vírgula faz toda a diferença.

Touch-a, touch-a, touch-a, touch me
I wanna be dirty
--- Janet Weiss