23 August 2007

(1982) Blade Runner




Blade Runner é um filme de Ridley Scott baseado no romance de Philip K. Dick Do Androids Dream of Electric Sheep? Não se trata de uma adaptação, pois há grandes diferenças entre as duas estórias.

A estória do filme desenrola-se num universo futurista numa cidade com um clima húmido e sombrio. A Tyrell Corporation desenvolve andróides idênticos a seres humanos, impossível os distingur fisicamente dos humanos. Esses andróides designam-se de Replicants. Esses replicants são usados como mão de obra escrava nas colónia espaciais. As unidades Blade Runner são a unidade da polícia responsável por eliminar qualquer replicant que se encontre em fuga. “This was not called execution. It was called retirement.”

Rick Deckard, um ex Blade Runner é contactado pelo seu antigo chefe (Bryant) para voltar ao trabalho na caça de 4 replicants em fuga. É ele o personagem principal (tanto no livro como no filme) sendo ele que vai narrando a acção nos momentos mais calmos do filme.
Rachel é uma replicant experimental a trabalhar para a Tyrell Corporation. Tendo sido implantada com memórias, foi-lhe escondida a sua verdadeira natureza: o facto de ser replicant.
Roy Batty é o líder dos replicants em fuga. Foi desenhado para defesa das colónias. Forte e dotado de uma inteligência superior, não vai parar até conseguir os seus objectivos.

Todos os personagens estão soberbamente interpretados e a forma como a estória é contada leva a que várias interpretação sejam feitas.

Os cenários estão fantásticos, com a cidade num mundo sombrio, que intensifica o drama vivido pelos personagens. A banda sonora ajuda igualmente a esse efeito, não sendo necessário muito esforço para perceber os sentimentos que as melodias pretendem realçar.

Embora diferentes, filme e livro têm a mesma premissa: replicants em fuga, e um Blade Runner que os pretende retirar. O drama da acção é contado em primeira pessoa tanto no livro como no filme, mas no filme os replicants têm um maior destaque do que aquele que têm no livro, em detrimento do personagem principal (Deckard). Mas embora diferentes, as questões levantadas são as mesmas: o que é a humanidade? até que ponto podem as máquinas ser humanas? qual a fronteira entre o natural e o artificial? que são na verdade a essência da obra de Dick. Por esse motivo, este filme é uma boa “conversão” desse obra para o grande écran.

A estória aliada à proeza técnica, fazem com que este filme assuma o estatuto de obra de arte. As interpretações aos personagens e ao filme em si, conferem-lhe o estatuto de filme de culto.

Pontuação global: 10,0

1 comment:

Anonymous said...

Apenas uma pequena nota. A minha teimosia em adoptar uma escala de classificação com décimas tinha em mente precisamente este tipo de casos de excepção. :)

Mesmo tendo em conta que estamos aqui a dar as nossas opiniões pessoais, será este um filme perfeito? Não haverá a possibilidade de, no futuro, haver algum filme que consideres melhor que este? Já terias alguma margem de manobra se desses uma nota de 9,9 :)

De resto, não há muito mais a dizer acerca do filme. Espero ansiosamente pela edição especial em DVD de celebração dos seus 25 anos para finalmente o poder acrescentar à minha cada vez maior colecção pessoal.

Sendo o conceito de "obra de arte" um daqueles cúmulos semânticos com uma subjectividade inerente quase infinita, não tenho qualquer problema em afirmar que este filme É uma obra de arte.

Aliás, Ridley Scott é, muito provavelmente, o principal responsável pelo ditar das regras de como fazer um filme de ficção científica. Com "Alien" e "Blade Runner" revolucionou por completo o panorama do cinema e o processo através do qual se conta uma estória no grande ecrã.

Eu fico-me por uma classificação mais "modesta" que a tua. :)

Pontuação global: 9,2