28 February 2007

(2006) Apocalypto: O inicio do fim de uma civilização

Com esta review pretendo demonstrar o porquê deste filme não ter sido nomeado para o Oscar de melhor filme em língua estrangeira.


A acção do filme decorre nos últimos dias da civilização Maia antes desta ter tido contacto com os espanhóis, centrando a história em volta de uma pacata comunidade que vive no meio da floresta, que um dia é abalada por um ataque de outra “tribo”, fazendo a quase totalidades dos habitantes prisioneiros. Os captores levam-nos de seguida para a capital Maia com o intuito de serem sacrificados.


Desde o ataque que o filme brinda o espectador com uma enorme quantidade de violência, que vai ser a nota dominante do filme, que por esse motivo, não é recomendável a pessoas sensíveis. Gibson já tinha feito correr tinta por esse mesmo aspecto na Paixão de Cristo, o que começa a ser uma marca pessoal do estilo deste realizador.


Além de pretender chocar as pessoas, em que contribuiu a violência para a qualidade do filme? Na minha opinião, juntamente com a fraca visão global do realizador, contribuiu arruinar o potêncial do filme. Isso é visível nas sucessivas cenas que contam a caminhada dos prisioneiros até à capital, que duram cerca de 30 minutos. Durante esse tempo todo, apenas uma cena é realmente importante (provavelmente a cena mais importante de todo o filme), que corre o risco de passar despercebida no meio de tanta violência. Nessa cena, os caminhantes deparam-se com uma menina doente que os captores não deixam aproximar do grupo. Após várias tentativas falhadas, ela faz uma profecia. A partir de então, o filme rodar em torno dessa profecia. Todas as outras cenas da caminhada estão em excesso.


Após a caminhada surgem os sacrifícios. Embora esta seja a parte mais violenta do filme, não há uma aparente inutilidade nas cenas que nos são apresentadas, assim como todas as cenas desde então. Apenas deixo um aviso para o pormenor arrepiante na cena da decapitação. Após estas cenas, o filme torna-se muito interessante com a fuga do herói.


Do ponto de vista técnico, trata-se de um filme muito bem feito. Geralmente as câmaras estão no local certo (exceptuando a confusa cena inicial da caçada), bons sons, excelente guarda-roupa. O facto do filme ser falado naquilo que pretende ser (não sei se com sucesso) o dialecto Maia, a juntar a todos os pormenores técnicos já referidos, contribui para aumentar a sensação de realismo do filme.


Em jeito de resumo, Gibson apresenta-nos uma obra interessante, com o potencial de ser um bom filme, mas cuja não definição de uma visão global faz com que o filme não tenha uma linha de história bem definida (às tantas não se percebe se se está a contar a história da comunidade que vimos a principio ou da capital Maia). Globalmente, é um filme com uma incrível qualidade de técnica grande, com uma boa história, mas a má forma como ela é contada faz com que globalmente não ultrapasse o mediano. O facto do filme ter uma cena cliché em nada contribui para a sua qualidade.


Apesar disso, o filme entretém e não é de todo um filme a evitar nas salas de cinema. Apenas recomendo a baixarem as expectativas por forma a não saírem desiludidos.


Pontuação global: 6,0

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